Foi muito celebrado – e não poderia ser diferente – o anúncio feito pela direção da General Motors de que a planta de São Caetano foi escolhida para montar a nova picape da marca. Com isso, postos de trabalho e recolhimento de impostos municipais devem ser preservados por algum tempo. Não dava, portanto, para deixar de festejar, e muito, a boa-nova. O ponto negativo, todavia, se dá pelo fato de que o projeto não traz nenhuma inovação tecnológica capaz de garantir a sobrevivência da unidade fabril são-caetanense quando se encerrar o ciclo de produção de automóveis impulsionados por combustível fóssil – o que deve ocorrer em cerca de uma década.
Já faz tempo que este Diário alerta para a necessidade de se estruturar o parque fabril automobilístico instalado no Grande ABC para a revolução energética que se avizinha. Carros movidos a gasolina devem ser extintos em pouquíssimo tempo, principalmente em países mais ricos e desenvolvidos. Motores acionados por eletricidade devem ocupar o vácuo, atingindo de morte a cadeia produtiva atual. Pela importância que o segmento possui para a geração do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, o Brasil deveria tratar o tema como prioridade.
Mas o que se vê, porém, são declarações entusiasmadas sobre produtos que estão com os dias contados. A indústria automobilística como é conhecida hoje é insustentável a longo prazo. Vai durar, no máximo, alguns anos. E a partir daí, o que será da economia do Grande ABC se não adequar seu parque fabril às novas exigências do mercado?
Outras nações do planeja já estão fazendo os ajustes necessários, preocupadas com o futuro. Por aqui, nenhuma palavra. Este assunto deveria interessar a todos os que se importam com o futuro socioeconômico das sete cidades. Especialmente aos sindicatos dos metalúrgicos e às secretarias municipais de orçamento. Se as fábricas de automóveis do Grande ABC se tornarem obsoletas, o que certamente vai acontecer em breve, faltarão empregos e dinheiro para movimentar a economia regional. Preocupante.
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