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Metade de Santo André está sem água
Adriana Gomes e
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
19/05/2005 | 07:43
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O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) adotou medidas de racionamento em metade do município para driblar a suposta diminuição no volume do envio de água da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). A redução do desabastecimento teria se intensificado na última segunda-feira. Em algumas baixas, o volume chegou a despencar para 950 litros por segundo, metade dos 1,9 mil litros por segundo necessários para abastecer o município. Nesta quarta, o Semasa estimava que cerca de 350 mil, dos 665 mil moradores de Santo André, já sofriam com a falta de água. Por isso, a autarquia decidiu diluir os efeitos do desabastecimento entre os reservatórios de toda a cidade. Só a região central foi poupada.

Procurada pela reportagem, a Sabesp negou a redução do envio de água para Santo André. Argumentou que, com o calor dos últimos dias, o consumo de água em toda a Região Metropolitana de São Paulo aumentou, o que pode ter causado “alguns problemas isolados”. Questionada pelo Diário, as outras cidades do Grande ABC garantiram que não sofrem com a falta de água – exceção feita a São Bernardo, que até o fechamento dessa edição, no início da noite desta quarta, não se pronunciou sobre o assunto. Coincidência ou não, Santo André é uma das três cidades da região que questionam na Justiça o valor de água cobrado pela Sabesp.

Ao invés de R$ 0,90, Santo André, Diadema e Mauá pagam em juízo R$ 0,39. Uma possível represália por conta da briga judicial – negada com veemência pela Sabesp, mas cogitada pelos municípios – começou a ser desenhada em fevereiro desse ano, quando Santo André e Diadema tiveram reduzidos o volume de água recebido pela autarquia estadual em 10,5% e 3,1%, respectivamente. Em abril, foi a vez de Mauá sofrer o desabastecimento, com redução de 4,46% na vazão. A redução colocou em crise a cidade e cerca de 152 mil dos 398 mil moradores do município passaram a ser abastecidos por caminhões-pipa.

A crise durou sete dias e chegou ao fim depois de a Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) conseguir na Justiça uma liminar que obrigava a Sabesp a reestabelecer a vazão normal de água para a cidade. Apesar de Mauá ter tido seu problema solucionado, Santo André e Diadema continuaram sem água.

Nesta quarta, 21 bairros de Santo André ficaram com as torneiras secas durante boa parte do dia. A região central da cidade é a única poupada por enquanto. “É uma questão de estratégia, uma vez que a maioria da população mora no Centro”, afirma Milton Joseph, assistente da diretoria de operação do Semasa.

Enquanto a administração municipal tenta se entender com a Sabesp, os moradores de várias regiões de Santo André amargam as conseqüências da falta de água e ainda têm de pagar contas até 100% mais altas do que as de alguns meses atrás, quando a maioria não tinha problemas com desabastecimento. Ou seja, hoje essas pessoas pagam mais e têm menos – ou quase nenhuma – água. “A minha conta passou de R$ 40 para R$ 80”, diz a jornalista Denilce Pomponio Gabriele, 30 anos, moradora da rua Himalaia, no Parque Capuava.

Denilce conta que há mais de dois meses o fornecimento, que era regular, passou a ser feito apenas na madrugada. “A água chega entre às 4h e às 6h. No máximo, o abastecimento permanece normal até as 10h. Isso durante a semana. No domingo, às 8h já acabou”, detalha a moradora do Parque Capuava. Ela afirma que já tentou contato com o Semasa, mas não recebeu retorno. A família de Denilce passou a usar água só para o essencial. “Não podemos mais dar banho nos cachorros nem lavar quintal”.

A mãe de Denilce, que mora no Parque Erasmo Assunção, também passou a enfrentar problemas com a falta de água repentinamente. “A minha sorte é que tenho duas caixas mas, quando quando vou regar as plantas à tarde, não tem mais água”, conta. “Moro aqui há anos e isso nunca tinha acontecido”, conta Aurora Pinceratti Pomponio, 77 anos, que reside na rua Bresser.

Quem não tem o recurso das duas caixas no Parque Erasmo Assunção amarga um cotidiano ainda mais difícil. O ajudante de marcenaria Francisco Ziantonio, 66 anos, também morador da rua Bresser, está indignado. “Eu pagava de R$ 20 a R$ 30 por mês. De repente, começou a faltar água e minha conta subiu para quase R$ 60”, afirma. Ziantonio diz que só tem direito ao banho diário se a água for economizada rigorosamente durante o dia. “Cortam às 9h ou 10h todos os dias e, se não lavarmos roupa e louça nesse horário, não podemos fazer nada disso depois. Assim mesmo, gastando bem pouco, do contrário, não sobra para o banho”.

Alerta – Por conta da redução no abastecimento iniciada em fevereiro deste ano, as contas d‘água em Santo André trazem um aviso alertando os moradores sobre a falta de água em alguns bairros da cidade. Nesta quarta, os moradores também começaram a receber ligações em suas casas que os alertava sobre a redução no abastecimento e dava dicas para evitar o desperdício durante a crise.

Dicas para economizar água

No banheiro
Procure não tomar banhos demorados. Cinco minutos no chuveiro são suficientes para um bom banho.

Ao escovar os dentes, mantenha a torneira fechada. Volte a abri-la apenas para o enxágüe.

Não use a privada como lixeira ou cinzeiro e nunca acione a descarga à toa.

Na cozinha
Só ligue a máquina de lavar-louça quando ela estiver cheia.

A cada copo de água que você toma, são necessários outros dois para lavá-lo. Procure reutilizá-lo, quando possível;

Na lavanderia
Junte bastante roupa suja antes de ligar a máquina ou usar o tanque. Não lave uma peça por vez.

Caso use lavadora de roupa, procure utilizá-la cheia e ligá-la no máximo três vezes por semana.

Se na sua casa as roupas são lavadas no tanque, deixe as roupas de molho e use a mesma água para esfregar e ensaboar. Use água nova apenas no enxágüe. Aproveite a última água para lavar o quintal, a calçada ou a área de serviço.

No jardim
Use um regador para molhar as plantas ao invés de utilizar a mangueira

Na piscina
Se você tem piscina de tamanho médio exposta ao sol e à ação do vento, está perdendo aproximadamente 3.785 litros de água por mês na evaporação, quantidade suficiente para suprir necessidades de água potável (para beber) de uma família de quatro pessoas por cerca de um ano e meio aproximadamente, considerando o consumo médio de 2 litros/habitante por dia. Com uma cobertura (encerado, material plástico), a perda é reduzida em 90%.

Fonte: Sabesp




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