Política Titulo Na mira da Ficha Limpa
Comissão sugere rejeição das contas de Atila Jacomussi

Grupo interno da Câmara de Mauá segue TCE, que emitiu parecer negativo dos gastos de 2017, e ameaça elegibilidade do ex-prefeito

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
19/04/2021 | 18:09
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Banco de Dados/DGABC


Atualizada às 22h30

A comissão de finanças e orçamento da Câmara de Mauá emitiu parecer pela rejeição das contas do ex-prefeito Atila Jacomussi (PSB) referentes ao exercício de 2017, seu primeiro ano de mandato. A decisão segue posicionamento do TCE (Tribunal de Contas do Estado), que julgou irregulares os balancetes, e ameaça a elegibilidade do socialista.

O parecer da comissão interna da casa não significa, necessariamente, que as contas de Atila serão rejeitadas no Legislativo mauaense. O ex-prefeito ainda pode reverter o cenário no plenário e fugir da inelegibilidade imposta pela Lei da Ficha Limpa para casos de rejeição de contas. “A gente analisou de forma bem criteriosa (o parecer do TCE). Tomei todo o cuidado na relatoria para emitir um parecer técnico, que é a função principal da comissão de finanças. Nós analisamos e eu acompanhei o parecer principalmente com base em três elementos que foram colocados pelo tribunal”, explicou o vereador Leonardo Alves (PSDB), integrante da comissão e relator das contas de Atila na casa.

O tucano fez referência a três questões apontadas pelo TCE para rejeitar os gastos do primeiro ano do governo Atila: deficit orçamentário – o município arrecadou menos do que o previsto – na ordem de 2,27%; investimento em educação de 22,38%, abaixo do teto constitucional (25% da receita); e insuficiência do depósito ao pagamento dos precatórios. No primeiro item, porém, cabe margem de questionamento político, já que o orçamento de 2017 foi elaborado no ano anterior, no último ano de gestão do ex-prefeito Donisete Braga (PDT) – naquela ocasião, Atila era deputado estadual e, em tese, não teve responsabilidade sobre a formulação ou aprovação da LOA (Lei Orçamentária Anual).

Em contrapartida, foi justamente no primeiro ano de governo que Atila desidratou a então reforma administrativa encaminhada pela gestão anterior, criou cargos comissionados e ampliou o número de secretarias. Uma das pastas idealizadas, por exemplo, foi a de Política Para as Mulheres, posto que acomodou durante todo o governo – entre idas e vindas por causa da prisão – a própria mulher, a então primeira-dama Andreia Rolim Rios.

O Diário apurou que Atila tem concentrado esforços para garantir votos suficientes a seu favor quando as contas chegarem ao plenário. Dois anos após sofrer impeachment, o socialista conseguiu reverter a maioria dos reveses jurídicos, como anulação da cassação e a derrubada de denúncias, na Justiça Federal, no âmbito da Operação Prato Feito.

Segundo Leonardo Alves, “não houve pressão” por parte do ex-prefeito durante o processo de análise das contas. A comissão é composta ainda por Eugênio Rufino (PSDB), que acompanhou o parecer do correligionário; e Admir Jacomussi (Patriota), que é pai do ex-prefeito e votou pela aprovação das contas do próprio filho.

Atila não atendeu aos contatos do Diário para comentar o assunto.




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