Economia Titulo Seu bolso
Na região, gasolina encareceu cerca de 21% desde o início do ano

Postos cobram em média R$ 5,22 por litro nesta semana; preço maior prejudica consumidores e revendedores

Por Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
19/04/2021 | 17:35
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Marcelo Camargo/ Agência Brasil


Os consecutivos aumentos no preço da gasolina nas refinarias anunciados pela Petrobras estão pesando no bolso do consumidor. No Grande ABC, o valor médio litro do do combustível nos postos é de R$ 5,22, 21,2% (R$ 0,91) maior do que no início de janeiro, quando estava a R$ 4,31. O diesel encareceu 14,8% (R$ 0,55), passando de R$ 3,75 para R$ 4,30. Os dados são do balanço semanal atualizado nesta segunda-feira (19) pela ANP (Associação Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

Último acréscimo no preço da gasolina nas refinarias está válido desde sexta-feira (16), quando a Petrobras estipulou aumento de R$ 0,05 (1,9%), chegando a R$ 2,64 o litro, 43,5% mais alto do que em janeiro. Já o diesel encareceu R$ 0,10 (3,7%) e o litro é vendido a R$ 2,76, acumulando alta de 36,3% desde o início de 2020. A estatal reajusta os valores de acordo com o preço internacional do barril de petróleo, visando garantir paridade, e a variação do dólar.

Rodrigo Zingales, diretor da AbriLivre (Associação Brasileira de Revendedores de Combustíveis Independentes e Livres), destaca que o critério de reajuste é o principal causador da alta dos preços. Ele explica que a cotação do barril de petróleo é regulada pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), variando conforme o cenário político mundial. “O monopólio permite que a Petrobras defina o preço como bem entender. Se o custo é de R$ 1,80, ela pode vender a R$ 2,20, mesmo que a R$ 2 estaria igual ao preço internacional, aumentando o lucro bruto. Agora, se a margem fosse estabelecida pelo governo, ela poderia vender a R$ 1,85”, exemplifica.

O encarecimento não apenas pesa no bolso do consumidor, mas também prejudica os postos de combustíveis. Wagner de Souza, presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMRR), observa que o movimento estava baixo desde o início da pandemia, uma vez que as pessoas estão saindo menos de casa. Com a alta da gasolina e a diminuição do poder de compra da população, o movimento caiu ainda mais. Tanto que os revendedores estão trabalhando com 60% a 70% da capacidade.

“O impacto é tremendo porque as despesas se mantém, não temos mesma receita, mas os custos são os mesmos com água, luz e funcionários. Muitos estão recorrendo a financiamentos porque não têm lastro para bancar os reajustes”, afirma Souza. Além disso, as restrições de horário em razão do Plano São Paulo restringe o funcionamento dos postos, que não podem mais funcionar 24 horas. “Vários postos não repassaram (os aumentos) porque querem atrair volume (de vendas), o custo de R$ 0,10 (do último reajuste) é internalizado”, aponta.

PRECIFICAÇÃO

Vale lembrar, porém, que a gasolina e o diesel não saem das refinarias direto para as bombas. Antes, os combustíveis passam por mistura – a gasolina A, considerada pura, é misturada com etanol anidro e o diesel é misturado ao biodiesel – e vão para as distribuidoras, que comercializam os líquidos aos postos. Regras da ANP proíbem que o revendedor compre diretamente da refinaria. Além disso, impostos federais e estaduais, como PIS/Cofins e ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), são cobrados.

Zingales explica que estes processos também afetam o preço. Na etapa de mistura, por exemplo, 73% é gasolina A, enquanto 27% é de etanol anidro. Por este motivo, as questões envolvendo a safra da cana-de-açúcar, matéria-prima do biocombustível, interferem no custo da gasolina. Do mesmo modo, caso o preço do açúcar esteja alto, a cana-de-açúcar pode ser destinada para a produção do commodity, reduzindo a oferta para a fabricação do etanol e, consequentemente, elevando seu custo. O mesmo é feito com o diesel, cuja mistura é de 90% para 10% de biodiesel, normalmente proveniente da soja.

Neste ano, o etanol ficou 16,7% (R$ 0,52) mais caro, sendo comercializado a, em média, R$ 3,61 nos postos de combustíveis do Grande ABC. Em janeiro, o litro do biocombustível era encontrado a cerca de R$ 3,09. 




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