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Teatro municipal de Santo André faz 50 anos

Equipamento ganha melhorias, como a restauro das poltronas e a troca da cobertura

Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
13/04/2021 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Em 13 de abril de 1971, o palco do teatro municipal de Santo André apresentou a peça Guerra do Cansa Cavalo, de Osman Lins, produzida pelo GTC (Grupo de Teatro da Cidade) e que contava com os atores Antônio Petrin e Sônia Guedes (1932-2019). A data marcou a inauguração do espaço, que hoje completa 50 anos e passa a ganhar série de melhorias. Entre elas, o restauro de suas 468 poltronas. A obra, já entregue, resgatou o desenho original dos assentos, elaborado pelo designer-arquiteto polonês Jorge Zalszupin (1922-2020).

A ação nas poltronas incluiu desde o tratamento da estrutura, assentos rebatíveis, enchimento em espuma D30 e o revestimento em couro ecológico cor orion ocre, tom original da época da inauguração.

Outra melhoria, já executada pela Prefeitura, foi a troca da cobertura do teatro. Impermeabilização, revitalização do saguão, readequação da bilheteria, revitalização e readequação do sistema de iluminação cênica e sonorização e da iluminação ambiente, além da garantia de acessibilidade total ao público estão na lista de trabalhos a serem feitos no espaço. O investimento nas obras é de cerca de R$ 3,5 milhões.

Prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB) diz que se trata de um dos equipamentos culturais mais importantes do município. “Palco de grandes espetáculos, faz parte da memória da nossa gente. Por isso, é mais um símbolo que Santo André resgata. Quando a pandemia passar, o teatro municipal estará pronto para receber novas atrações e a continuar a fazer parte da vida dos andreenses”.

“Estamos satisfeitos que a restauração das poltronas tenha sido realizada de acordo com o projeto original do designer e arquiteto Jorge Zalszupin, recuperando cor e formato. Juntamente com as demais melhorias que estão sendo feitas, o teatro municipal ficará compatível com trabalhos da produção local e com outras que visitam a cidade”, explicou a secretária de Cultura, Simone Zárate.

Parte do Centro Cívico, o teatro teve seu projeto arquitetônico elaborado pela empresa Rino Levi Arquitetos Associados e pelo paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994). O local chama a atenção, ainda, por seus três palcos, que podem funcionar simultaneamente.

O aparelho foi tombado como patrimônio cultural do Estado de São Paulo pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), e do município, pelo Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André).

Casa de ensaios e apresentações da Ossa (Orquestra Sinfônica de Santo André) desde a criação do grupo, em 1987, o teatro, que antes levava o nome Antônio Houaiss, passou a se chamar, a partir de 2019, Teatro Municipal Maestro Flavio Florence, em homenagem ao regente que esteve à frente do grupo musical de 1988 até 2008, ano de sua morte.

Para celebrar o cinquentenário do espaço, será lançada neste mês a série Teatro Municipal: Memória e História, com depoimentos de personagens que marcaram estas décadas, como funcionários, atores, músicos, dançarinos e produtores. Augusto Maciel, Celso Frateschi, Antônio Petrin, Sérgio Guizé e Luis Alberto de Abreu são alguns dos nomes. Os relatos farão parte da agenda Cultura em Casa SA e serão disponibilizados em uma playlist no canal da Secretaria de Cultura no YouTube (Secretaria de Cultura de Santo André).

Ator da primeira peça relembra a estreia

Nome importante da história do teatro municipal andreense, o ator Antônio Petrin, 82, que participou da peça que abriu as portas e cortinas do local, nunca se esquece do aparelho cultural. “Esse teatro faz parte da minha história, como ator, e da história do teatro amador de Santo André”, diz. Ele se lembra, com orgulho, da plateia cheia na estreia e de a peça Guerra do Cansa Cavalo, de Osman Lins, ter ficado em cartaz por dois meses.

Petrin conta que sempre admirou o municipal andreense, principalmente por sua qualidade acústica e técnica. “Na época, foi importado o melhor equipamento de luz, os melhores refletores”, recorda. “Espero que esse teatro continue lindo, com boa programação e que Santo André fique feliz por esse equipamento cultural, que é do povo”, comentou Petrin.

Outro nome que tem no municipal sua casa é o regente Abel Rocha, que está à frente da Ossa (Orquestra Sinfônica de Santo André) desde 2014. “A orquestra está atuando nesse local há 30 anos. A existência desse espaço permitiu a existência da orquestra. Ele contribuiu para que houvesse um projeto de lei que criasse uma orquestra estável na cidade. A gente não percebe o quanto existe uma relação forte entre a demanda de uma produção artística pelo espaço físico, e quando esse espaço físico existe, o quanto ele permite que outras coisas que nunca foram pensadas aconteçam também”.

Para o maestro, a ideia de ter um teatro junto dos prédios do Executivo, Legislativo, Judiciário, sem contar na biblioteca, é um pensamento muito forte e que mostra que a cultura faz parte dos pilares que sustentam a sociedade andreense. “Isso é extremamente marcante.”




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