Decisão foi tomada baseada em reportagem do Diário; firma esteve na mira da Polícia Federal
Depois de reportagem do Diário, o governo do prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira (PT), suspendeu contrato com grupo empresarial que foi alvo da Operação Trato Feito, deflagrada na cidade pela PF (Polícia Federal) há dois anos. Ontem, o Diário revelou que a administração havia homologado acordo com firma cuja dona é sócia de outra empresa impedida de contratar com o município.
O acordo foi celebrado pela Sama (Saneamento e Serviços de Mauá) com a Magsi Comércio e Prestação de Serviços de Limpeza e Conservação Ltda, com sede na cidade. Tinha como objeto aluguel de veículos para a autarquia, pelo montante de R$ 73,9 mil, pelo período de um ano.
O Diário mostrou que a empresa possui como sócia majoritária Maria José Cantarelli Garcia, que também é dona da Garloc Transportes, Logística e Locações Ltda. Essa última empresa foi proibida pela Justiça Federal de contratar com o poder público por suspeitas de integrar organização criminosa, formada por políticos e empresários, que supostamente pagava propina ao ex-prefeito Atila Jacomussi (PSB) e a parte dos vereadores – todos negam. O socialista, inclusive, chegou a ser preso e, meses depois, sofreu impeachment – reverteu a cassação na Justiça.
Embora a Magsi e a Garloc possuam CNPJ distintos, o endereço das duas empresas no cadastro da Junta Comercial paulista é exatamente o mesmo: Avenida Barão de Mauá, 2.347, no Jardim Maringá. Além disso, as logomarcas das duas firmas estavam afixadas lado a lado na mesma fachada pelo menos até 2019.
Ao suspender a homologação do contrato, o superintendente da Sama, Rangel Souza da Silva, justificou que a medida foi tomada para “a devida análise jurídica” e referiu-se a reportagem do Diário publicada na data de ontem. A decisão foi divulgada no Diário Oficial do município. O governo já havia sustentado que, se constatadas ilegalidades, o contrato seria cancelado.
A Trato Feito intensificou a já então grave política instalada em Mauá. Naquela época, a PF já havia deflagrado a Operação Prato Feito, que desmontou esquema de desvios de recursos oriundos de contratos de merenda e material escolares. Na ocasião, a polícia prendeu Atila pela primeira vez e se iniciou idas e vindas no comando do Paço – o socialista reverteu a detenção no STF (Supremo Tribunal Federal). No fim de 2018, a PF deflagrou a Trato Feito, um desdobramento da operação anterior, e acusou o socialista de ter recebido propina em troca de favorecimento em contratos. Também integravam as denúncias 22 dos 23 vereadores – então parlamentar oposicionista, Marcelo foi o único que não teve o nome no caso.
No ano passado, a Justiça Federal remeteu as denúncias contra o ex-prefeito à Justiça Eleitoral pelo fato de o vínculo com as empresas ter iniciado ainda nas eleições de 2016.
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