Setecidades Titulo Menos perigo
Inaugurado em 2010, Trecho Sul do Rodoanel tem dois acidentes por dia

Apesar de fluxo ter dobrado, para 85 mil veículos, total de ocorrências caiu 16%, com 823 casos

Por Yasmin Assagra
21/03/2021 | 00:02
Compartilhar notícia
DGABC


O Trecho Sul do Rodoanel Mário Covas, que corta o Grande ABC, registrou média de dois acidentes por dia em 2020. A concessionária SPMar, que assumiu a gestão do local em junho de 2011, informou que ao longo de 2012 (primeiro balanço consolidado de um ano) contabilizou 983 ocorrências. E que, de lá para cá, houve queda de 16% no número de casos, na comparação com os 823 chamados do ano passado. 

A redução dos acidentes ocorreu apesar de o volume de veículos que rodam diariamente pelo local ter mais que dobrado, com alta de 112%, ao longo dessa primeira década de concessão. Assim que assumiu a via, o fluxo era de 40 mil unidades diárias e, em todo o ano passado, a média ficou em torno de 85 mil exemplares – leia mais abaixo.

O trecho, que passa por três cidades da região – Santo André, São Bernardo e Mauá – interliga, por 61,4 quilômetros de extensão, as rodovias Régis Bittencourt, Anchieta e Imigrantes e, durante dez anos, se consolidou como uma das principais rotas comerciais do País, com o objetivo de evitar o tráfego pesado por dentro da Capital, principalmente de caminhões, que dirigem rumo à região e ao Porto de Santos.

O Rodoanel ficou pronto no fim de março de 2010 e foi liberado para operar no mês seguinte. No primeiro ano, até a assinatura do contrato com a SPmar, em março de 2011, a operação da rodovia ficou a cargo da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário SA), autarquia do governo do Estado extinta em 2019.

De acordo com o diretor executivo da concessionária, Marcos Fonseca, existem duas linhas de atuação que foram fundamentais para as melhorias durante esses anos: prevenção e fiscalização. “A prevenção passa pelo reforço na comunicação com o usuário ao longo do trecho, com mensagens de conscientização veiculadas nos PMV (Painéis Móveis Variados). Já a fiscalização é a ponta visível de um trabalho, em parceria com a Polícia Militar Rodoviária, para mapear os pontos onde há o maior número de ocorrências e aumentar a fiscalização nesses trechos”, comenta. 

Diariamente, 97 profissionais da concessionária cuidam dessas operações no trecho, que ainda auxiliam com guinchos leves e pesados, ambulâncias de apoio, caminhão de combate ao incêndio e caminhão para resgate de animais.

“Todo esse contingente tem o objetivo de verificar qualquer ocorrência que possa impactar numa viagem segura para o usuário. Isso inclui desde um pedaço de pneu de caminhão na pista até algum animal solto circulando no acostamento”, relata Fonseca. 

MONITORAMENTO

Para o consultor da área de mobilidade urbana e engenharia de tráfego Luiz Vicente Figueira de Mello Filho, o Rodoanel foi projetado para “tirar” veículos pesados de circulação das cidades, deixando esse tráfego cada vez menor entre os municípios. 

“O objetivo era fazer com que os caminhões não tivessem necessidade de circular pelas cidades. Esse trecho, de fato, é bem longo, mas dá autonomia aos caminhões para percorrerem pela via”, observa o especialista. Para ele, a função do Rodoanel, até o momento, está sendo bem cumprida. 

O consultor ainda avalia que, com o passar do tempo, a concessionária analisa as necessidades de melhorias, como nos trechos mais críticos para acidentes, o que incentiva a empresa a reforçar sinalizações e serviços de informações aos usuários sobre aquele local. “A melhoria, assim, se torna contínua. Mesmo que o fluxo de veículos aumente, o monitoramento fica cada vez mais essencial, a fim de auxiliar mudanças durante toda a rodovia”, avalia Mello Filho.

Meta é reduzir indicadores de ocorrências 

De acordo com o levantamento feito pela SPMar, no ano passado, mesmo com a pandemia provocada pelo novo coronavírus e a consequente redução de 35% no fluxo da rodovia – média de 85 mil veículos por dia –, a concessionária atendeu a 23.166 socorros mecânicos, 2.202 atendimentos a usuários envolvidos em acidentes, 1.140 casos de auxílio médico e 1.062 remoções de usuários pela ambulância da própria empresa. 

Apesar de números significativos, de acordo com o diretor executivo da SPMar, Marcos Fonseca, a meta é reduzir ainda mais os números de acidentes, utilizando o “uso de inteligência analítica” dentro das operações. “Os perigos que podem aparecer durante a viagem não são desconhecidos, estão, grande parte, ligados a imprudência na direção ou distração, como o uso do celular. O que buscamos, cada vez mais, são formas novas e preditivas para vencer essa batalha em nome da segurança”, comenta Fonseca. 

Para o consultor em engenharia de tráfego Luiz Vicente Figueira de Mello Filho, a aposta deve ser em conectividade de celulares – por meio de aplicativos, como no caso do Waze – com as rodovias, principalmente, se o usuário precisar de ajuda. “O ideal é que ninguém fique parado no acostamento e, quando fica, sempre a atenção é pela ajuda e nunca com o trânsito. Então, acredito que, futuramente, a tecnologia possa nos auxiliar ainda mais com isso, caso o usuário precise de um guincho ou até ambulância, pelo aplicativo ele possa realizar o chamado de socorro”, observa. 

O Trecho Sul do Rodoanel, ainda segundo os especialistas, reforça o papel da via no fortalecimento da economia local, já que, desde o início da sua implantação, funciona como um polo de atração para empresas e empreendimentos imobiliários em bairros próximos ao anel viário, gerando um importante incremento para as cidades do entorno, inclusive ao Grande ABC.  




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;