Empresários reclamam que operadora não oferece assistência, deixa de estimular vendas futuras em campanha e pratica preços menores no site
‘Agora é hora de você se cuidar... Quando essa fase tão difícil passar, a CVC continuará ao seu lado para oferecer os melhores destinos com toda assistência’, diz trecho de campanha publicitária lançada nesta semana pela operadora de viagens CVC Corp, sediada em Santo André. Quem, no entanto, poderá não estar à disposição de clientes são as lojas físicas da companhia, muitas delas franqueadas. Proprietários desse modelo de negócio têm travado verdadeira queda de braço com a CVC, ao alegar que a empresa não oferece apoio, nem financeiro nem de orientação, sobre como proceder neste momento de recrudescimento da pandemia do novo coronavírus.
Segundo franqueados que conversaram com o Diário sob condição de anonimato por receio de prejuízo na relação com a companhia, a queda no faturamento chega a 70% na comparação com o período pré-pandemia – há casos de tombo de R$ 1,5 milhão mensal para R$ 400 mil – e o quadro de funcionários se reduziu à metade – para dois atendentes por loja. Situação que foi agravada com a fase emergencial do Plano São Paulo de combate à Covid, que determinou que comércios e serviços não essenciais baixem as portas até o dia 30, o que pode se estender caso a curva de casos no Estado não diminua e, consequentemente, pode culminar no encerramento definitivo das operações. Das 1.400 franquias, cerca de 300 já desistiram do negócio no cenário do novo coronavírus, conforme fontes de mercado.
Empresários são uníssonos ao se queixarem da ausência de suporte da CVC, mesmo para ajudar a renegociar o aluguel, além de, segundo eles, não incentivar vendas futuras nem facilitar o processo de flexibilização de datas devido à grande burocracia para alterar viagens. “Precisávamos de uma campanha que estimulasse o consumidor a já planejar sua viagem de fim de ano ou início do próximo e, caso até lá a pandemia não tenha sido controlada, oferecer a troca de datas de forma facilitada. Ele precisa dessa garantia para fazer o investimento. Só que para trocarmos um voo, por exemplo, não podemos negociar diretamente com a companhia aérea. Temos de falar com a matriz e ela leva de 15 a 20 dias para trazer uma solução, o que o deixa de cabelo em pé”, diz proprietário de duas franquias que teve uma fechada no fim de 2020.
Segundo ele, cliente que tinha viagem programada para março do ano passado, e dentro do prazo dado de um ano para usufruir do pacote, ainda não o fez, devido ao cenário, enfrenta dificuldade para remarcar. “E diante da possibilidade de devolver o valor no caso do cancelamento, até o fim deste ano, agora o prazo foi estendido até o fim de 2022. Ou seja, vai demorar para ele ver o dinheiro. Mas o que queremos não é o cancelamento, e sim o adiamento, e sem burocracia”, explica.
Os empresários alegam que a troca de diretoria ao longo do ano passado – quando a empresa lidou com problemas de erro contábil e postergou a divulgação do balanço por diversas vezes – trouxe profissionais inexperientes e do setor financeiro que, portanto, desconhecem o ramo do turismo e não conseguem pensar em estratégias que ajudem franquias com até 20 anos de mercado a se manterem com as portas abertas. “Temos uma concorrência desleal com o próprio site, que pratica preços até 20% menores do que os nossos, mas, por outro lado, também não oferecem nenhum tipo de suporte ao consumidor. Se para remarcar viagem com a nossa intervenção está difícil, imagine por meio de canais eletrônicos”, assinala outro franqueado, que ainda mantém quatro unidades, mas não sabe por quanto tempo. “A impressão que dá é que querem eliminar lojas físicas, mesmo depois de tanto investimento”, diz ele, ao citar que o valor mínimo para abrir unidade da operadora é de R$ 200 mil.
Procurada, a CVC não respondeu aos questionamentos do Diário até o fechamento desta edição.
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