O Grande ABC tem na indústria automotiva, desde os anos 1950, uma de suas principais forças econômicas e durante décadas foi uma das maiores – senão a maior – geradora de empregos nas sete cidades, inclusive com a melhor média salarial paga a seus colaboradores. Mas a globalização, a abertura econômica implantada a partir de 1990, a entrada no mercado de novos fabricantes e novas tecnologias, como os carros elétricos e híbridos, e as crises que insistem em travar o desenvolvimento do Brasil, quando não o fazem retroceder, têm colocado em risco a sobrevivência e a permanência de montadoras e empresas da cadeia no País como um todo e, em particular, na região.
A robotização das linhas de produção das montadoras ceifaram milhares de empregos na região ao longo do tempo, mas o risco no setor aumentou com a recente saída da Ford, gigante que fechou a fábrica de São Bernardo e já anunciou que vai deixar o Brasil até o fim do ano.
A luz amarela está acesa, mas em entrevista publicada nesta edição o presidente da Volkswagen na América Latina, Pablo Di Si, alerta que se nada for feito desde já, em 20 a 30 anos a indústria automotiva tal como é tende a desaparecer. E com ela outros milhares de postos de trabalho em todo o País. Triste e preocupante, principalmente para uma região que ainda depende sobremaneira das fabricantes de veículos.
Daí porque ele cobra mudanças e política de Estado e de empresas, com planejamento para dez, 20 anos, principalmente a reforma tributária prometida pelo governo, que ele diz ouvir falar já faz cerca de 30 anos.
O executivo deixa claro que não pede redução de impostos, mas simplificação do sistema tributário brasileiro, que qualifica como ‘Carnaval’ devido à imensa gama de regras e taxas. Para exemplificar, cita que no Brasil as companhias têm dez vezes mais funcionários na área fiscal do que nos Estados Unidos apenas para seguir todas as regulamentações de PIS/Cofins, ICMS, IR etc e tal. Mudar isso vai significar ganho para todas as empresas e ao País.