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Crise antecipa filas nas unidades do Bom Prato

Usuários chegam com hora de antecedência para garantir marmita; região distribui 3.500 refeições ao dia

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
04/03/2021 | 22:53
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DGABC


O aposentado José Caião, 82 anos, chegou ontem na fila do Bom Prato, em Santo André, às 9h20, e precisou esperar uma hora e dez minutos até que o portão do restaurante, no Centro, abriu e ele pôde pegar seu almoço. Essa é a rotina diária de centenas de usuários, que estão se antecipando para não ficar sem marmita. São 1.400 refeições servidas por dia no local, ao preço unitário de R$ 1, e, antes do fechamento do equipamento, programado para as 14h, por volta das 12h30 as refeições estão esgotadas.

A antecipação criou filas gigantescas na região central de Santo André. Atualmente, além de atender moradores em situação de vulnerabilidade, o Bom Prato também dá conta de demanda crescente de usuários que sentem o reflexo da crise financeira, em consequência da pandemia, e vão em busca de refeição por preço acessível.

Esse é o caso do desempregado Edson Gonçalves, 50, que busca marmita no Bom Prato de Santo André há três meses, depois de perder o emprego. Ele mora na Vila Pires e todos os dias caminha por 45 minutos até o restaurante, ida e volta.

“É mais garantido conseguir um marmitex quando chegamos cedo. Uns 40 minutos antes é um tempo bom. A demanda está grande”, avalia Edson.

No Grande ABC, a unidade de Santo André oferece, diariamente, 1.900 refeições, sendo 200 no café da manhã, 1.400 no almoço e 300 marmitas para o jantar. Em São Bernardo, na unidade do Centro, são 2.100 refeições distribuídas por dia, sendo 300 cafés da manhã, 1.500 almoços e 300 à noite. “Ontem (quarta-feira) eram 12h30 e não tinha mais almoço. Consegui chegar por volta das 13h e estava fechado. Significa que o Bom Prato está ajudando muita gente, mas precisa chegar cedo”, conta a dona de casa Meire dos Santos, 39, que busca o almoço de duas a três vezes por semana em Santo André.

Como alternativa de expansão do serviço, no mês passado o Estado e a Prefeitura de Santo André anunciaram que pretendem transferir o Bom Prato de lugar. A ideia é alojar o equipamento em dois galpões que ficam em frente à unidade. Na ocasião, o prefeito Paulo Serra (PSDB) lembrou que existe pedido de ter o segundo Bom Prato do município, na Vila Luzita, que segue em negociação.

No início da pandemia, São Bernardo criou unidade provisória do Bom Prato, que funciona no bairro Assunção. Lá são vendidas 700 refeições por dia.

NA FASE VERMELHA
Mesmo após a reclassificação do Estado para a fase mais restritiva do Plano São Paulo, a partir de amanhã, o Bom Prato seguirá aberto. Desde o início da pandemia os restaurantes entregam refeições em embalagens descartáveis, sem consumo no local.

O café da manhã é servido das 7h às 9h, por R$ 0,50; almoço, das 10h às 15h; e jantar das, 17h30 às 19h, os dois últimos custam R$ 1 cada.

Na unidade de Santo André, a Prefeitura aderiu a programa estadual e oferece as marmitas gratuitamente a moradores em situação de rua, previamente cadastrados. Já São Bernardo não aderiu ao programa, devido, segundo o Paço, à baixa demanda, uma vez que a população também é atendida no Centro de Acolhimento 24 horas. A gratuidade vale até 30 de abril e, ao todo, o Estado já entregou 646 mil refeições gratuitas desde o início da pandemia. 




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