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Crack e coca são drogas de entrada, diz estudo
Raymundo de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
30/03/2002 | 15:33
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Um levantamento feito entre jovens que passaram pelo Caps (Centro de Atenção Psicossocial em Dependência Química) de Santo André, de janeiro até hoje, revelou que um quarto dos adolescentes com menos de 18 anos entraram no mundo das drogas com crack ou cocaína. Dos 23 casos de jovens com idade entre 14 e 21 anos atendidos desde o início do ano, 16 foram analisados pela direção do Caps. Metade da amostra (oito casos) era formada por menores de 18 anos e um quarto destes usuários disseram ter começado a usar drogas pesadas sem antes ter tido contado com drogas lícitas, como o álcool, o tabaco e a cola.

Segundo a psicanalista Eliane Lima Guerra Nunes, encarregada do Caps de Santo André, a amostra analisada não indica tendência de comportamento. É uma informação que agora deverá ser acompanhada detalhadamente no dia-a-dia da instituição para se possa constatar se está havendo alteração no tipo de droga de início, como são chamados os primeiros contatos entre os jovens e as drogas. Segundo Eliane, o universo da amostra é restrito, mas serviu como um alerta. A maioria dos casos de jovens usuários de drogas têm no álcool e no tabaco o primeiro contato com drogas.

Uma pesquisa feita pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em 13 capitais e em Brasília revelou que mais da metade dos alunos de escolas do ensino regular consomem bebidas alcoólicas e que 11,7%, em média, fumam cigarro. O contato com as drogas ilícitas, segundo a pesquisa, ocorre com 6,57% dos estudantes de escolas públicas e privadas que participaram da pesquisa.

Segundo a pesquisadora Ana Regina Notto, do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas), do Departamento de Psicobiologia da Escola Paulista de Medicina, o uso das chamadas drogas lícitas é a porta de entrada para o mundo das drogas na maior parte dos casos. O conselheiro do Conselho Tutelar de Santo André que atende a região da Vila Luzita, Jardim Santo André e adjacências, Orlando Catarino, afirma que são freqüentes os casos de adolescentes que dizem ter tido contato com crack e cocaína antes de qualquer outra droga. E Catarino arrisca um dos motivos para que isso aconteça: “Na periferia, às vezes, é mais fácil achar uma boca de crack do que um boteco.”




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