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Cordovani faz 30 anos de teatro
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
25/08/2001 | 16:04
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O ator e diretor Roberto Cordovani comemora discreto suas três décadas de carreira, sem alarde. Aos 41 anos, paulistano criado em São Bernardo e Santo André, busca no feminino seu fascínio para atuar. Cordovani está em cartaz no TBC, em São Paulo, até 30 de setembro com o elenco de sua Companhia Internacional de Arte Livre em duas peças dirigidas e encenadas por ele. Primeiro faz O Efeito dos Raios Gama nas Margaridas do Campo, do norte-americano Paul Zindel, prêmio Pulitzer em 1974. Depois, troca de roupa e maquiagem e atua em Olhares de Perfil, de sua autoria, ao lado de Alejandra Guibert – peça em cartaz desde 1989.

Na primeira, faz uma amargurada viúva, mãe de duas filhas, que vivem em uma maloca nos Estados Unidos. Na segunda, vive um performer que atua em um clube noturno como Greta Garbo, atriz sueca que virou mito na Hollywood dos anos 30. A maquiagem e sua caracterização renderam-lhe vários prêmios na Europa e elogios de Peter Gustafsson, sobrinho e único herdeiro da atriz, que já o autorizou a levar a história para o cinema.

Cordovani começou no balé e no teatro infantil em 1971, profissionalizou-se em 1976 e mudou-se para a Europa em definitivo em 1991. Fez sucesso em 1983 com Amar, Verbo Intransitivo, de Mário de Andrade. Montou na Europa Orlando, de Virgínia Woolf, e Lola, de Rainer W. Fassbinder, que esteve este ano na 6ª Mostra Sesi de Artes Cênicas, além de Eva Péron (1995) e Isadora Duncan (1999), ambas de sua autoria.

Sua carreira decolou quando percebeu que podia viver mulheres em cena: “Não as fêmeas, que deviam ser exterminadas, mas mulheres atípicas como Isadora, que revolucionou a dança, ou como a ambígua Garbo. Gosto de falar da solidão, de sexualidade, de hipocrisia. E de mito, para desmitificar”.

Pretende chegar à TV, da qual fugia quando vivia no Brasil. “A TV era podre na época. O grande conflito sempre era o pobre que queria ficar rico”, diz. Escreveu a minissérie Crepúsculo dos Anjos para ser co-produzida entre emissoras de Portugal, Espanha e Brasil. Trata-se de uma história sobre regressão, vidas passadas e paranormalidade. Envolve duas faculdades de medicina, uma delas na Espanha, cética, e outra em Portugal, que defende essas teses, e um fictício programa de TV brasileiro que manipula a opinião pública.

Cordovani mora em Mondariz, Galícia, na Espanha, perto de Santiago de Compostela: “Mas não sou nem um pouco místico nem religioso. Andar pelo caminho de São Tiago é como andar na Quinta Avenida em Nova York. Tudo ali é pago: água, comida, chapéu, cajado etc. Puro comércio”.

O ator está há um ano e meio no Brasil. Veio para fazer duas peças, foi convidado a dirigir em Belo Horizonte, depois surgiu o Sesi e a proposta do TBC. “Dei uma escapada só em abril, para rever minha casa e minha cachorra Loba, uma husky siberiana”. O ator pretende trazer as duas peças do TBC para o Teatro Municipal de Santo André, palco do qual tem saudade.




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