A inércia do ex-presidente nos momentos posteriores à invasão e a ausência de remorso são citadas como indicativos de que ele é uma ameaça e pode incitar novamente à violência
Deputados democratas concluíram nesta quinta-feira, 11, a acusação contra Donald Trump no Senado com o pedido de condenação do ex-presidente para evitar episódios de violência no futuro. Ao relacionar as falas de Trump ao ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro, eles argumentaram que o republicano pode incitar novamente à violência se não for punido no processo de impeachment.
"Não tenho medo de Donald Trump concorrer novamente daqui a quatro anos. Tenho medo que ele perca, porque ele pode fazer isso de novo", disse o deputado democrata Ted Lieu, um dos líderes da acusação. "Impeachment não é para punir, mas para prevenir", afirmou a democrata Diana DeGette.
Ontem, os democratas exibiram vídeos e declarações de invasores que disseram ter seguido ordens de Trump ao atacar o Capitólio. A inércia do ex-presidente nos momentos posteriores à invasão e a ausência de remorso são citadas como indicativos de que Trump é uma ameaça e pode incitar novamente à violência.
O apelo é também uma forma de os democratas sugerirem aos senadores republicanos, que não estão dispostos a condenar o ex-presidente, que eles terão responsabilidade se episódios de extremismo voltarem a ocorrer. Se condenado, Trump pode ser impedido de concorrer à Casa Branca em 2024.
Para isso, 67 dos 100 senadores teriam de condenar o ex-presidente - ou seja, 17 republicanos teriam de abandoná-lo. Os republicanos, no entanto, hesitam em romper com Trump, que ainda mantém uma importante influência sobre a base eleitoral do partido.
Prisões
Ontem, cinco membros do Proud Boys, grupo de extrema direita que apoia Trump, foram acusados criminalmente de conspiração no ataque. No Senado, os democratas afirmaram que os invasores responderão por seus atos e, portanto, o ex-presidente precisa também ser responsabilizado.
Durante o processo, os democratas lembraram outros momentos em que Trump estimulou atos violentos, como quando disse haver pessoas boas "dos dois lados", durante o ataque de supremacistas brancos em Charlottesville, em 2017. Mais recentemente, lembraram que Trump apoiou a invasão do Legislativo de Michigan por extremistas armados contrários à quarentena imposta para conter o novo coronavírus.
Após a conclusão dos trabalhos da acusação, os advogados de Trump terão dois dias para fazer a defesa do ex-presidente, mas já avisaram que não pretendem levar mais do que uma sessão para a sustentação. A votação final do impeachment pode ocorrer no fim de semana.
Democratas e republicanos não têm interesse em prolongar o processo e não há previsão de testemunhas. Os republicanos tentam virar a página o mais breve possível de um episódio sombrio e incômodo para o partido, enquanto os democratas buscam liberar a agenda legislativa para negociar o pacote de ajuda econômica do governo de Biden a famílias e empresas.
Os advogados de Trump já apresentaram as linhas prévias de defesa e devem argumentar que, fora do cargo, um ex-presidente não pode ser condenado no processo de impeachment. A defesa também alega que Trump fez um discurso político típico ao pedir a seus apoiadores que "lutassem como o inferno" e citaram a Primeira Emenda da Constituição, que protege a liberdade de expressão.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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