Presidente da Câmara de S.Bernardo mantém verba de representação que acresce salário de aliados
Em meio ao processo de corte de gastos com fim de contratos com empresas terceirizadas na Câmara de São Bernardo, o presidente da casa, Estevão Camolesi (PSDB), mantém pagamento de verba de representação a 12 servidores que atual na presidência.
A verba de representação foi instituída na Câmara de São Bernardo em 2010 como forma de complementar os vencimentos de servidores considerados de confiança da mesa diretora, mas desde sua aprovação gera discordância e críticas. Pelas regras, os vencimentos podem ser turbinados em até 50% do valor original das remunerações.
Somadas as quantias de verba de representação, função gratificada (aplicada a funcionários de carreira alçados a cargos de livre nomeação) e jetons, em janeiro o Legislativo gastou R$ 76 mil – se a média se mantiver, no ano chegará a R$ 912 mil. Em dezembro, último mês da gestão de Juarez Tudo Azul (PSDB), a Câmara despendeu R$ 87,8 mil com os benefícios – encerrou o ano com R$ 1,04 milhão.
A aplicação da verba de representação faz com que parte dessa dúzia de servidores agraciados passe a receber mais do que os subsídios dos vereadores – R$ 15.031,75.
Dentre os colaboradores que recebem o benefício se destacam Reinaldo Furlan, supervisor técnico de contabilidade, cuja remuneração em janeiro foi de R$ 26.348,25; David Daniel Schimidt Neves dos Santos, procurador legislativo e que recebeu vencimento de R$ 19.705,41; e Eric Cesar Marques Ferraz, que atua na secretaria-geral da casa e obteve contracheque de R$ 19.933,37.
Camolesi também garantiu a realocação de duas de suas assessoras, que antes atuavam somente no gabinete de vereador. Diva Aparecida Vieira Marucci, chefe de gabinete no tucano, foi promovida à presidência e viu sua remuneração passar de R$ 12.271,24 para R$ 17.523,98 (acima do subsídio dos vereadores). Michele Arsuffi também foi deslocada ao gabinete da presidência e teve reajuste nos salários, de R$ 6.969,63 para R$ 10.527,42.
Eleito presidente da casa em janeiro, Camolesi passou o primeiro mês e meio como dirigente da Câmara patrocinando processo de enxugamento de contratos. O principal deles foi o fim do acordo de R$ 4,5 milhões anuais com a NR Serviços, que atuava na segurança do prédio da Câmara desde 2015. Com o término do convênio, 82 trabalhadores que fazem vigilância no prédio do Legislativo podem perder o emprego – houve protesto desses colaboradores nesta semana. Camolesi resolveu utilizar a própria GCM (Guarda Civil Municipal) para realizar a segurança no imóvel.
A alegação do presidente do Legislativo é a de que o contrato com a NR Serviços já foi renovado de maneira emergencial devido à pandemia do novo coronavírus, o que impossibilitaria esticar o convênio mais uma vez sem que houvesse chamamento público e licitação. O mandatário ainda defende que o dinheiro economizado dessa maneira irá retornar ao Executivo por meio de devolução do duodécimo e que poderá ser utilizado em outras áreas.
O presidente da Câmara também enxugou convênios em vigência, como de limpeza, o que forçou à redução do número de funcionários à disposição.
Questionado pelo Diário, Camolesi não se pronunciou sobre o assunto.
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