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Em segundo dia de prova, Enem ignora pandemia de Covid-19

Exame aborda questões sobre funcionamento de carros elétricos e até Harry Potter, mas não cita o coronavírus; abstenção de 55,3% é recorde

Junior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
25/01/2021 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


No segundo e último dia de aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), os estudantes do Grande ABC e do País inteiro responderam questões relacionadas a diversos temas, mas, como na primeira etapa, no dia 17, nenhuma tratou da pandemia de Covid-19 nem de vacinação, conforme expectativa de professores. Nesta fase, os alunos encararam provas de matemática e ciências da natureza e contaram até com pergunta sobre vilão da saga de livros e filmes de Harry Potter.

O índice de abstenção voltou a bater recorde. Segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), 55,3% dos candidatos não fizeram a segunda rodada da prova, o que significa que 3 milhões de inscritos deixaram de comparecer. 

As provas abordaram consumo de eletricidade gerada a partir do etanol para carros elétricos, funcionamento dos fones de ouvido, orçamento familiar e fissão nuclear em uma bomba atômica, por exemplo, mas nenhuma citou o coronavírus, que já vitimou mais de 216 mil pessoas no País. O único vírus abordado foi o do HIV, em questão sobre mudanças genéticas na soja para criar enzima capaz de combater a Aids.

Esta foi a primeira vez que o Enem, principal passaporte para o acesso ao ensino superior, foi aplicado em cenário de uma pandemia. O medo do coronavírus e as adversidades inéditas – os estudantes tiveram de usar máscaras todo o tempo da prova e esbarraram em restrições até para ir ao banheiro – se somaram à ansiedade de se sair bem no exame. “Eu uso óculos e, para mim, atrapalha bastante (com o uso da máscara, que acaba abafando as lentes por conta da respiração). A gente fica mais pressionada e até para ler a prova fica mais complicado”, relatou a estudante Beatriz Evangelista Rodrigues, 23 anos, que se preparava para fazer a prova na EE João Ramalho, na periferia de Diadema.

Até às vésperas do primeiro dia de prova, no domingo passado, havia incertezas sobre a realização do exame por conta de diversas ações movidas, sem sucesso, a fim de adiar a aplicação do exame devido ao agravamento da pandemia de Covid-19 no País. 

O estudante Igor Vieira, 17, relatou que o dia de prova na escola tinha sido tranquilo. “A minha sala até que estava vazia, deu para cumprir o distanciamento”, disse. O cenário relatado deu o tom da abstenção registrada no primeiro dia, de 51,5%, até então a maior ja registrada na história do Enem, superada pelos 53,5% de ontem.

Segundo o presidente do Inep, Alexandre Lopes, ainda que a abstenção tenha sido alta, a aplicação foi satisfatória. Ele ressaltou que não houve incidentes no segundo domingo de provas. Diferentemente da semana passada, segundo Lopes, “não houve candidatos que não puderam fazer a prova por lotação nas salas”.

No domingo anterior, houve casos de estudantes barrados quando já estavam nos locais de prova por superlotação das classes. Segundo Lopes, os episódios de estudantes impedidos ocorreram em 11 cidades e 37 escolas pelo País, mas não voltaram a se repetir ontem.

QUEM PERDEU

Quem perdeu a prova por problemas logísticos, a exemplo das salas lotadas, deve pedir a reaplicação entre hoje, a partir do meio-dia, e até sexta-feira, na Página do Participante (https://enem.inep.gov.br/participante/#!/) – onde também estará resposta do Inep, já que cada caso será analisado. 




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