Lucas Arruda de Souza, 12 anos, morreu de aneurisma cerebral no Hospital Nardini, em Mauá, após ser medicado durante quase 24 horas como se tivesse uma virose e, depois, meningite. Quando a verdadeira causa das dores na cabeça e da língua travada foi descoberta, seu quadro era irreversível e Lucas já estava em coma.
O garoto foi levado pelos pais para o Nardini na madrugada de segunda-feira. Ele chegou com convulsão e muita dor de cabeça. Foi atendido por um primeiro médico às 4h20, que diagnosticou virose. “Eles pegaram meu filho e colocaram sentado numa cadeira no corredor com um soro”, conta o pai, o motorista José Alves de Souza, 44 anos.
Segundo a família, o menino continuava com a língua travada e muita fraqueza. Horas depois, outro médico tomou a frente do atendimento e, vendo que o garoto estava piorando, providenciou uma maca e solicitou exames de urina e sangue. Nessa altura, Lucas já estava mais fraco e com a língua completamente travada, mas conseguia ainda apontar com as mãos para a cabeça, mostrando onde tinha dores.
Por volta das 12h de segunda-feira, após nada ser encontrado no sangue e na urina do menino, foi feito um procedimento que pode ter agravado o quadro clínico do garoto.
Suspeitando de meningite devido ao enrijecimento da nuca de Lucas, os médicos do Nardini submeteram o menino ao teste de líquor na coluna (retirada de líquido da espinha). Nesse exame, há um aumento da pressão intracraniana, o que não é recomendado para pacientes com aneurisma. Com a pressão, o aneurisma pode explodir e o paciente morrer.
O garoto foi isolado e começou a ser tratado como se tivesse meningite, à base de antibióticos.
Segundo os pais, Lucas agonizava e mostrava com as mãos que a cabeça continuava doendo.
Às 23h da segunda-feira, a criança teve uma convulsão seguida de parada cardiorrespiratória, que foi revertida. O menino foi levado para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Duas horas depois, à 1h30 de terça-feira, foi finalmente feita a tomografia no crânio, exame que constatou o aneurisma cerebral. Era tarde, Lucas estava com morte cerebral.
“A gente falou desde a hora que chegou para examinarem a cabeça do menino, mas eles ficaram dando soro. Se tivessem feito a ressonância logo, meu filho poderia estar vivo”, revolta-se o pai. “Ele foi medicado errado e demoraram quase 24 horas para descobrir o problema que meu filho tinha”, completa a mãe, a dona-de-casa Maria José de Arruda Souza, 33 anos.
A Prefeitura, responsável pelo hospital, confirmou em nota oficial a ordem dos procedimentos adotados e informou que a criança recebeu todos os cuidados médicos a cada momento da evolução clínica. Os pais disseram que pretendem processar o hospital.Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.