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Dobradinha de autonomistas em São Caetano

No domingo, 26 de março de 1961, houve eleição municipal única na região, em São Caetano, que marcou a segunda vitória de Anacleto Campanella como prefeito e de Lauro Garcia como vice, os dois líderes autonomistas em 1948, mas que saíram candidatos em legendas opostas

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
13/01/2021 | 07:00
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ELEIÇÃO 25

Além de São Caetano, em 1961 houve eleições em outros 51 municípios do Estado de São Paulo para escolha dos novos prefeitos e vereadores.
Em São Paulo, Capital, a eleição foi apenas a de prefeito, com a vitória do engenheiro Prestes Maia, diferentemente de Águas de São Pedro, onde foram escolhidos os vereadores, já que o prefeito era indicado pelo governo do Estado, por se tratar de estância hidromineral.
Coisas da legislação eleitoral naqueles anos que antecederam o golpe militar – quando o cenário se alteraria.
Na região, 1961 marcava o terceiro ano dos prefeitos e vereadores de Mauá e Ribeirão Pires, municípios governados por Elio Bernardi e Francisco Arnoni.
Já os prefeitos Oswaldo Gimenez (Santo André), Lauro Gomes (São Bernardo) e Evandro Caiaffa Esquivel (Diadema) viviam o primeiro ano de mandato municipal.
O futuro Rio Grande da Serra era, ainda, simples distrito de paz, a exemplo de Utinga (em Santo André), Riacho Grande (em São Bernardo) e Ouro Fino (em Ribeirão Pires).

Clima para a Passeata do Silêncio.

Campanella, Braido e Formiga.

Vassoura, pintinho e charuto
341 – A São Caetano que ia às urnas em março de 1961 possuía 45.919 eleitores, um contraste com os vizinhos Santos, já com 91.227 eleitores, Cubatão (9.000) e Suzano (5.770).
342 – O clima político fervia em São Caetano. No dia seguinte ao pleito, enquanto se processava a apuração dos votos, a Câmara Municipal realizava quatro sessões extraordinárias na mesma manhã de 27 de março de 1961, aprovando o projeto do vereador Jaime da Silva Reis (PSP), que elevava os subsídios dos vereadores.
343 – Os 21 vereadores eleitos na véspera (26 de março) receberiam subsídios fixos mensais de 20 mil cruzeiros, mais ajuda de custo de 10 mil cruzeiros por sessão, além de 250 cruzeiros por reunião de comissão.
344 – O valor da ajuda de custo seria progressivo: 10 mil no primeiro ano de mandato, 20 mil no segundo, 30 mil no terceiro e 40 mil no quarto. Cálculos feitos, os vereadores iriam ganhar em torno de 45 mil cruzeiros mensais no primeiro ano de mandato, 55 mil no segundo, 65 mil no terceiro e 75 mil no último ano, não incluídos nesses totais os jetons das sessões extraordinárias.

Na legislatura que se findava, cada vereador ganhou em média 12 mil cruzeiros por mês. Ou seja: um belo aumento aguardava os eleitos.

O futuro prefeito teria subsídios mensais de 70 mil cruzeiros no primeiro ano de mandato, chegando a 160 mil por mês no ultimo ano.
O próximo vice-prefeito receberia subsídio fixo de 30 mil cruzeiros por mês.
As quatro sessões foram bastante agitadas. O vereador João Cambauva (UDN) obstruiu os trabalhos o quanto pôde, tentando impedir a votação da matéria, secundado pelos vereadores Antonio Bovoleto (também da UDN) e Glauco Perrela (PDC), os únicos a votar contra.
O episódio daria origem ao enterro simbólico dos vereadores e à famosa Passeata do Silêncio, iniciativa dos estudantes locais que ganharia repercussão nacional e objeto de uma mesa-redonda realizada meio século depois pela página Memória, o que rendeu uma série de reportagens em abril de 2011.
345 – A eleição municipal número 25 na região, em São Caetano, contou com três candidatos a prefeito: Anacleto Campanella (PTB), Hermógenes Walter Braido (UDN-PTN) e Joaquim Jacome Formiga (PSB).
346 – A vice-prefeito concorreram Adriano Duarte (PTN), Antonio Passareli (PSB), Odilon de Souza Melo (PDC), Lauro Garcia (PSP) e Angelo Fresseto Filho (PST).
347 – As 21 vagas da Câmara Municipal foram disputadas por 249 candidatos.
348 – O resultado do pleito, claro, foi a manchete do News Seller no domingo seguinte: ‘Anacleto Campanella e Lauro Garcia eleitos os mandatários máximos do Município de SCS’ – assim mesmo, abreviado.
As 154 seções eleitorais receberam mais de 38 mil votos, com uma abstenção de 15%.
Anacleto Campanella foi eleito prefeito com 20.914 votos, Lauro Garcia, vice-prefeito, com 10.093. Walter Braido – que no futuro seria eleito três vezes prefeito, o triprefeito – ficou em segundo lugar em 1961, com 12.871 votos; Joaquim Formiga teve 2.194 votos.
349 – Dos 21 vereadores que protagonizaram as sessões de aumento dos subsídios, nove foram reeleitos. Os eleitos tomaram posse numa terça-feira, 4 de abril de 1961 – como se vê, tudo muito rapidamente.
350 – Em São Paulo, a vitória de Prestes Maia a prefeito e Freitas Nobre a vice foi a derrota de Adhemar de Barros, o prefeito que encerrava mandato, com a consequente vitória política de Jânio Quadros. Adhemar e Jânio, rivais paulistas históricos, estavam de olho nas próximas eleições presidenciais, as últimas antes do golpe militar de 1964.
Tempo dos símbolos políticos: a vassoura de Jânio, o pintinho de Carvalho Pinto, o charuto de Lauro Gomes – símbolos que chegaram a ser gravados em granito num dos bancos da Praça Lauro Gomes, em São Bernardo, onde permaneceram por décadas, mesmo durante a ditadura. Pena que este banco tenha desaparecido – e com ele os desenhos de uma época.

Diário há meio século
Quarta-feira, 13 de janeiro de 1971 – ano 13, edição 1433
Manchete – Petróleo gera crise entre Argel e Paris
Santo André – O secretário da Justiça do Estado de São Paulo, Hely Lopes Meirelles, entregou ao Dr. Armando Pellegrini, secretário da Fazenda de Santo André, um cheque visado de 600 mil cruzeiros destinado à construção do prédio do Fórum, à Rua José Cabalero.

Em 13 de janeiro de...
1956 – Associação Atlética Matarazzo ganha o campeonato da Acea; em segundo, Metalúrgica Matarazzo; em terceiro, John son Clube e, em quarto, Cerâmica São Caetano.
Entre os segundos quadros, AA Matarazzo novamente campeã, com o Cerâmica FC em segundo.
1966 – Circula o nº 1 do News Seller Infantil, semente do Diarinho, sob a direção do jornalista Odayr José Bigliazzi.

Santos do dia
- Verônica
- Leôncio de Cesaréia (†337)
Hilário de Poitiers (França 315-367 ou 368). Bispo e doutor da Igreja. Como Agostinho, também foi aclamado bispo pelo povo. Sua ação pastoral teve de voltar-se imediatamente para o campo da ortodoxia, ao combater o crescente avanço da heresia ariana. 




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