Segundo o presidente do sindicato, Edgar Solano Marreiros, que é diretor da Produflex, de Mauá, a onda de demissões ocorre por conta do desaquecimento do mercado automobilístico, ao qual o setor é altamente vinculado. Em todo o Estado, de acordo com ele, teriam ocorrido 3,8 mil cortes em agosto.
A região concentra cerca de 200 empresas – responsáveis por 12 mil empregos – que têm 77% de sua atividade ligada ao fornecimento para a indústria automobilística. Segundo Marreiros, a queda de fornecimento chegou a 30%. “Acaba neutralizando o problema de energia, já que tínhamos de economizar 20%”, afirmou.
Com a retração, sua perspectiva é de que o setor iguale os resultados de faturamento do ano passado. “A meta em janeiro era crescer 8%. Agora, na melhor das hipóteses, deve crescer 4%, mas é mais provável que empate”, acrescentou o diretor executivo do sindicato, Ademar Araújo Queiroz do Valle.
Em todo o país, de acordo com Valle, que também é diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Artefatos de Borracha, houve alguma compensação, pela elevação das vendas para calçados, mineração, siderurgia e petrolífera. “Mas essas atividades são de pequeno peso na receita do setor.”
Se o faturamento deve se manter no mesmo patamar, a lucratividade deve cair. Por conta da dificuldade em repassar as altas de custos para seus preços, “as margens de lucro ficaram comprometidas”, disse Valle. O diretor afirmou ainda que deverá haver prejuízos devido à dificuldade em repassar a elevação de 27% nos custos da matéria-prima, que é cotada em dólar. “Isso acaba com o setor de autopeças de borracha.” O diretor acrescentou que o Grande ABC responde por 60% dos resultados globais do Estado de São Paulo, que por sua vez representa 80% da receita de toda atividade no Brasil – em 2000 o faturamento no país foi de US$ 1,75 bilhão.
Uma saída, de acordo com o presidente do Sindibor, tem sido buscar o mercado de exportação. Ele afirmou que as vendas externas, que correspondiam a 3% em 1999, devem chegar neste ano a 8%. “O mercado não tinha cultura de exportação e começa a se movimentar. Mas ainda não representa quase nada”, afirmou.
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