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25 anos de luta metalúrgica na VW
Luciele Velluto
Do Diário do Grande ABC
25/10/2007 | 07:06
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A comissão de fábrica da Volkswagen, de São Bernardo, comemora  nesta quinta-feira 25 anos de existência, numa trajetória marcada por lutas, conquistas e derrotas dos trabalhadores.

O trabalho de organização dos metalúrgicos dentro da Volkswagen começou em 1982, em plena ditadura militar, controle dos sindicatos e efervescência da luta pela democracia – que se iniciou nos chãos de fábrica do Grande ABC e acabou se expandindo para a sociedade.

Essa foi a segunda comissão de fábrica, posterior apenas a da Ford. No ano anterior, quando a Volks havia demitido cerca de 12 mil dos 48 mil funcionários – somando todas as unidades – por conta da crise do petróleo e das pressões cambiais, a organização já eclodia entre os trabalhadores, mas o sindicato estava sob intervenção.

Nesse período, a montadora alemã criou uma comissão, mas que foi reprovada pelos trabalhadores porque não os representava.

“Vivíamos sobre o sentimento de desejo da liberdade e da autonomia sindical. Mesmo com a repressão, a militância e a organização cresciam. Mas só em 1982, o sindicato conseguiu sentar à mesa com a Volks e negociar a comissão. E nos fizemos ouvir através da organização”, relata Geovaldo Gomes dos Santos, membro da comissão de 1982 até 1988.

Em 1986, um novo marco para a organização dos trabalhadores: a Autolatina, que fundiu as operações da VW e da Ford na América do Sul.

“Foi o jeito encontrado para salvar a Ford, que ameaçava ir embora do País. Eram 32 mil trabalhadores na Volks e 20 mil na Ford. E veio o anúncio das demissões no início dos anos 1990”, conta Reinaldo Cava de Britto, o Chapecó, integrante da comissão de 1990 a 2001. “Lutamos muito para manter os empregos”, lembra.

E foi em 1991 que a comissão teve a primeira mulher eleita para sua constituição, também a primeira no País. “As mulheres me achavam louca por enfrentar o trabalho sindical e minha família não me apoiava, mas eu lutava para mudar as coisas”, conta Olga Irene do Nascimento, que participou da comissão até 1998, quando se aposentou.

Para Valdir Freire Dias, o Chalita, coordenador geral da atual comissão e vice-presidente do Comitê Mundial de Trabalhadores da Volkswagen, a comissão sempre foi a principal forma de reivindicação dos metalúrgicos. “Foi assim que começou a se discutir a PLR (Participação nos Lucros e Resultados), e a redução de jornada, entre outros pontos. Foram muitas conquistas e todas conseguidas com muita luta e muita negociação”, disse.

Democracia - A comissão de fábrica da Volks também apresenta uma particularidade que a torna única no País: a oposição. Com 31 integrantes, – número que deve cair para 28 nas eleições do próximo mês – cinco defendem posições contrárias a da maioria de seus companheiros de organização, representados nas alas da armação e pintura (a mesma do atual ministro da Previdência Social Luiz Marinho).

“Essa linha contrária começou em 1997 e tem crescido muito nos últimos anos. Não concordamos com a linha passiva da atual comissão e sabemos que incomodamos tanto o sindicato quanto a empresa”, afirma Vagner Lima, integrante da comissão há 3 anos e coordenador da oposição.




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