Setecidades Titulo Medo de ficar sem teto
Desocupação ameaça famílias em S.Bernardo

Prefeitura tem ordem judicial para remover 27 unidades habitacionais na Vila Lulaldo

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
29/12/2020 | 00:01
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O clima de fim de ano para 27 famílias da Vila Lulaldo, região do Botojuru, em São Bernardo, não será de festa e alegria. A Prefeitura aguarda até o dia 5 de janeiro para remover as casas onde elas moram, construídas próximas a um córrego. Na última segunda-feira, a GCM (Guarda Civil Municipal) só não despejou a todos porque a administração não cumpriu as exigências impostas pelo Judiciário, como integrar na ação assistentes sociais, conselheiros tutelares e psicólogos, além de ofertar transporte dos pertences dos munícipes. Agora, todos correm contra o tempo para evitar perder o teto.

Presidente da Associação dos Moradores da Vila Lulaldo, o motorista Ivo Alves de Macedo, 58 anos, afirmou que há cerca de seis meses as famílias foram informadas de que em breve haveria a desocupação. Na ocasião, segundo Macedo, a Prefeitura de São Bernardo se comprometeu a receber comissão de moradores para discutir a situação, o que nunca aconteceu. Ainda de acordo com o líder comunitário, na época em que o prefeito era Luiz Marinho (PT), foi aprovada durante uma reunião do OP (Orçamento Participativo) a urbanização do núcleo, com atendimento habitacional para as famílias e até a construção de uma creche. Nada disso foi feito.

Macedo destacou que as famílias não se negam a deixar o lugar, mas cobra da administração municipal algum tipo de apoio, como a inclusão em programa de auxílio-aluguel, até que possam ser incluídas em algum programa habitacional. “Hoje elas (famílias) já não vivem de uma maneira digna, mas vai ficar pior se forem colocadas na rua”, afirmou.

A recepcionista Janaína Candido da Silva, 33, é uma das moradoras que vivem a ameaça de perder a casa, onde mora há quatro anos com os quatro filhos. “Não temos para onde ir. Falei para o funcionário da Prefeitura que, se derrubarem a nossa casa, vamos ficar no mesmo lugar, em uma lona, porque a gente não tem para onde ir”, declarou.

A faxineira Zilma Marques Lobato, 48, divide a residência com os dois filhos e relata que tentou diversas vezes algum auxílio na Prefeitura, mas nunca obteve sucesso. “Eles ficam nos empurrando de um lado para o outro e a gente sempre volta à estaca zero”, reclamou.

O presidente da associação lembrou que a área onde estão as casas que devem ser removidas já foi alvo de remoção há 15 anos, e que a administração municipal falhou em conter a nova ocupação. “Mandamos ofício pedindo que a área fosse reflorestada, que fossem colocadas placas informando sobre a proibição de se construir e/ou vender as casas, mas nada foi feito”, explicou. “Eles também são responsáveis por esse problema”, concluiu.

Em nota, a Prefeitura de São Bernardo informou que as notificações de desocupação foram entregues atendendo determinação judicial expedida pela juíza Ida Inês Del Cid, da 2ª Vara da Fazenda Pública. Que a área, que é do município, é classificada como de alto risco pela Defesa Civil e que a invasão também infringiu leis de proteção ao meio ambiente, com a degradação ao corpo d’água e mata ciliar, originais daquele local.

A administração municipal afirmou que os moradores foram notificados em 25 de junho deste ano para deixar a área, mas que as equipes das secretarias de Assistência Social, Habitação, Segurança Urbana e da Defesa Civil estão voltadas ao atendimento às famílias para orientações e direcionamento ao programa Auxílio Renda Abrigo.




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