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Nanico, PMN gasta R$ 120 mil por votação inexpressiva em Mauá

Investimento da cúpula do partido na candidatura de Roseni Delmondes a prefeita não dá resultado nas urnas e registra 2º voto mais caro da cidade

Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
27/12/2020 | 00:10
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DGABC


O investimento do nanico PMN na candidatura da advogada Roseni Delmondes a prefeita de Mauá no pleito deste ano não se converteu nas urnas. A sigla, que registrou à fórceps projeto próprio majoritário, teve o segundo voto mais caro da cidade e amargou o último lugar na corrida em um cenário com 12 prefeituráveis.

Dados das prestações de contas da ex-prefeiturável ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram que a cúpula nacional do PMN depositou R$ 120 mil na candidatura de Roseni em Mauá, única cidade onde o partido teve candidato a prefeito no Grande ABC. O resultado das urnas, porém, foi pífio: 793 votos, desempenho aquém, inclusive, de candidaturas que sequer atingiram dois dígitos em recursos arrecadados. A título de comparação, o prefeiturável André Sapanos (Psol) teve R$ 4.522,16 em doações (3,7% do total investido pelo PMN) e recebeu 200% a mais de votos que Roseni: 2.426 adesões.

Ao todo, a campanha de Roseni gastou R$ 114.827, quase que a totalidade do volume arrecadado. Se divididas essas despesas pelo total de votos que ela recebeu, o partido gastou R$ 144,80 por cada apoio nas urnas. Esse patamar só fica atrás do ex-prefeito Donisete Braga (PDT), que pagou R$ 185,27 por cada um dos 5.174 votos – ficou em sexto lugar.

Na lista de despesas da campanha de Roseni estão dezenas de gastos. Porém, apenas dois deles concentram 67% de todo o custo do projeto do PMN. Uma dessas despesas, no valor de R$ 39 mil, foi com a empresa The Rock Media Agency Eireli, sediada em São Caetano. Embora a firma apareça inscrita na Junta Comercial paulista como agência de publicidade, a descrição das notas declaradas à Justiça Eleitoral se limita a carimbar os gastos como “prestação de serviços diversos”. Essa empresa foi aberta em junho, cinco meses antes da eleição, e recebeu da campanha de Roseni em duas ocasiões, de R$ 22 mil e de R$ 17 mil.

O segundo gasto mais volumoso da campanha do PMN, de R$ 38 mil, foi com a microempresa denominada Aparecida de Souza Rodrigues, localizada na Zona Leste da Capital. Apesar de os detalhes da despesa indicarem gastos com serviços contábeis para prestação de contas da campanha, a microempresa atua como espécie de ‘faz tudo’ e funciona, inclusive, como quitanda.

A campanha de Roseni foi tímida. As postagens públicas da advogada nas redes sociais se limitam a vídeos pessoais e apoios a candidatos a vereador do partido. Ao Diário, ela admitiu que sua candidatura foi definida de última hora. “Foi surpresa”, disse, em setembro. Sobre o desempenho nas urnas frente o volume de recursos, minimizou. “Não considero (os R$ 120 mil) muito, se compararmos a outros candidatos. Foi isso que ajudou a todos os candidatos, inclusive a vereador. De fato, nenhum foi eleito, mas todos eram pessoas novas na política. A divulgação não atingiu toda a cidade”. Quanto às empresas contratadas, Roseni disse não ter conhecimento do histórico das firmas. “A contadora fez o trabalho dela e pagamos por isso. Não a investigamos”.

Caso semelhante de investimentos volumosos e desempenho insignificante nas urnas é o do PSL mineiro, que é investigado por lançar candidaturas laranjas. O esquema, cujo pivô é o ex-ministro Marcelo Álvaro Antônio, consistia em investir recursos expressivos em candidaturas de mulheres. Esses valores, porém, eram desviados para projetos de homens.

A prestação de contas da ex-prefeiturável ainda não recebeu crivo da Justiça Eleitoral. 




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