Política Titulo Na espreita
À espera de repasses, prefeitos seguram críticas a Bolsonaro

Maioria dos chefes de Executivo faz questionamento leve sobre atuação da União em meio à pandemia em busca de verbas

Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
25/12/2020 | 00:32
Compartilhar notícia
Marcelo Cassal/Agência Brasil


De olho em repasses a partir do ano que vem diante da queda nas receitas municipais, os prefeitos do Grande ABC evitaram ataques com relação à postura do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), no combate à pandemia de Covid-19.

Entre os chefes de Executivos ouvidos pelo Diário, o gestor de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB), e o prefeito eleito de Diadema, José de Filippi Júnior (PT), criticaram mais duramente as ações do governo federal no enfrentamento do coronavírus. Além de ponderar questionamentos frontais ao presidente, os prefeitos da região relataram depositar esperanças em possível melhora no desempenho da gestão federal na segunda metade do mandato bolsonarista.

Para o prefeito reeleito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), a cidade desenvolveu estratégia própria para o combate à Covid-19 e preferiu pautar decisões em profunda análise de dados e critérios baseados na Saúde e na ciência. “Garantimos a testagem de mais de 100 mil pessoas e somamos cerca de 21 mil vidas salvas. Esses números são resultado deste modelo próprio de enfrentamento, que se estruturou e buscou recursos federais e estaduais para se equipar”, declarou o tucano. Em 2019, no início do mandato de Bolsonaro e antes da pandemia, ele elogiou as intenções do presidente.

O chefe do Executivo reeleito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), sustentou que mantém boa relação com o governo federal e também com a administração estadual, cujo governador João Doria (PSDB), hoje adversário de Bolsonaro, é um de seus principais aliados políticos.

“A Prefeitura conseguiu apoio do governo federal para a construção do Hospital de Urgência, tanto na compra de equipamentos quanto no credenciamento de leitos junto ao SUS (Sistema Único de Saúde). A cidade mantém boa relação com o governo do Estado e com o governador João Doria, que também destinou recursos para o Hospital de Urgência”, declarou Morando, por meio de nota. O tucano declarou voto publicamente em Bolsonaro em 2018, ano em que Doria se apegou ao presidente para se eleger ao Palácio dos Bandeirantes. Em 2019, Morando elogiou as reformas propostas pelo chefe da Nação e a nomeação de Sergio Moro para ser ministro da Justiça – Moro foi demitido em abril.

Crítico de Bolsonaro, Auricchio questionou o trabalho da União na tentativa de conter o avanço da Covid. De acordo com o tucano, o presidente não conseguiu criar ambiente econômico capaz de gerar empregos em meio à crise. “No enfrentamento à Covid, de fato, deixou a desejar. Não houve comando do governo central para a criações técnicas e científicas. Além do mais, os repasses adicionais realizados aos municípios foram insuficientes.”

Eleito para o quarto mandato em Diadema, Filippi disparou contra Bolsonaro. “Desde o início da pandemia, Bolsonaro já mostrou que não tem nenhum compromisso com a vida dos brasileiros e brasileiras. A falta de um plano de vacinação em massa para toda a população é mais um capítulo triste e revoltante de um governo pautado pelo obscurantismo e negação da ciência. Mas apesar de Bolsonaro, vamos fazer de tudo para garantir a vacinação da população de Diadema”, disse o petista.

O também petista Marcelo Oliveira, eleito para o primeiro mandato como prefeito de Mauá, reclamou da postura de Bolsonaro, ao dizer que o País ficou “para trás” em muitas situações em meio à crise sanitária. Mas ele declarou ter esperança que haverá melhora daqui para frente. “Queremos acreditar que a metade final do mandato será mais propositiva e consciente, e priorize de fato as pessoas que mais precisam do poder público”, declarou o prefeito eleito.

De volta ao Executivo de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PL) acredita que o governo federal tem que focar no crescimento econômico para dar condições à retomada do País. “O governo tem muita dificuldade de se encontrar. A pandemia atrapalhou um pouco, de fato, porque isso criou um grande transtorno. Tenho expectativa de que o governo saia desse episódio das vacinas ileso e com condições de realizar vacinação. Só assim o governo pode retomar o crescimento. Temos só uma opção de consertar o País, que é o crescimento econômico”, avaliou Volpi.

Prefeito eleito de Rio Grande da Serra, Claudinho da Geladeira (Podemos) não retornou aos contatos da equipe do Diário sobre o assunto. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;