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‘Santo André merece ter deputados’, diz Ana Carolina

Primeira-dama e presidente do Núcleo de Inovação Social defende que município tenha representantes na Câmara Federal e Assembleia Legislativa; seu nome é cotado para 2022

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
14/12/2020 | 00:19
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André Henriques/DGABC


A conjunção da expressiva votação do prefeito reeleito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), que atingiu 76,8% dos votos válidos, com o protagonismo exercido à frente do Núcleo de Inovação Social fizeram com que o nome de Ana Carolina Barreto Serra ganhasse corpo no meio político para ser candidata a deputada estadual em 2022. Missão que, segundo ela, só pode ser debatida daqui a dois anos. Ela, porém, reconhece o tamanho da força do governo tucano e diz que Santo André merece ter deputados, tanto federal quanto estadual. Ana Carolina faz balanço de sua atuação e traça desafios que o núcleo terá pela frente, como peça central da retomada da cidade pós-pandemia.

Depois de quatro anos de trabalho à frente do Núcleo de Inovação Social, a partir de qual ponto ele começa a atuar em 2021?
Há uma credibilidade de todo um trabalho, não do meu nome. Esse trabalho é feito por uma equipe. A visão agora é continuar esse trabalho. A gente ganhou um presente, uma oportunidade, com a eleição do prefeito (Paulo Serra, PSDB) em 2016. Com a consolidação deste projeto político, com essa votação expressiva agora deste ano, a gente consegue consolidar o trabalho social no Núcleo de Inovação Social. Santo André não tinha nem sequer o banco de alimentos. Santo André era pioneira nisso. Não dava para aceitar um banco de alimento fechado. O fundo social não tinha sede, estava sem rumo. Criamos o Santo André Solidária. E há outros projetos que não conseguimos tirar do papel na primeira gestão e que estamos tirando na segunda gestão, buscando crescer e expandir. Falamos na consolidação de trabalho, de esforço coletivo e em prol do coletivo, da cidade. O trabalho do Núcleo de Inovação Social é ligação, elo, entre quem quer ajudar e quem precisa da ajuda. O trabalho do núcleo não é simplesmente assistencial. Demanda participação de toda a sociedade, da iniciativa privada, junto com o poder público para ajudar quem precisa. Nos próximos quatro anos queremos consolidar esse trabalho. Meu foco é que ele não se perca nas próximas gestões. Minha maior preocupação é que se consolide como política pública e que Santo André se aproprie deste trabalho futuramente. Estamos conversando com os vereadores, sempre tivemos apoio importante da Câmara, e queremos justamente solidificar o núcleo. Esse trabalho precisa ser perene. Que deixe de ser política de governo e se torne política de Estado.

Quais projetos que não foram implementados nos quatro anos iniciais que estão na linha de frente para os próximos quatro?
O primeiro deles é o Mãe Andreense, em parceria principalmente com a Secretaria de Saúde. Está bem estruturado, mas, até por causa do coronavírus, tivemos de segurar um pouco. É acompanhar a gestante, a de alto risco, e acompanhar o nascimento da criança. É projeto muito importante para a cidade. Santo André já tem baixíssimo índice de mortalidade infantil e nossa maior preocupação é igualar o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) das regiões do município. Temos a Fazendinha do Senhor André, que é projeto para coroar o banco de alimentos, com horta educativa para mostrar às crianças de onde vem o alimento, a importância do alimento e de ter uma alimentação saudável, do contato delas com a natureza. Aproveitando os parques da cidade, em especial o Parque do Guaraciaba. Mas temos o foco no Escola de Ouro. Esse projeto, no pós-pandemia, é fundamental. Ele conta com a capacitação profissional para ajudar o munícipe e também na retomada do crescimento econômico, na retomada do trabalho, porque a gente sabe que vai precisar. É a força que o Núcleo de Inovação Social pode dar para a cidade no momento pós-pandemia.

Qual ensinamento que a pandemia traz para um setor que lida com o ser humano mais necessitado? Há ensinamentos?
Claro. A solidariedade é fundamental. A solidariedade, a fraternidade e o espírito solidário, para que a gente possa viver em sociedade, viver bem, são fundamentais. Respeito ao próximo e enxergar o próximo como irmão. Muitas vezes no dia a dia as pessoas deixam a individualidade sobrepor ao coletivo. E o trabalho do núcleo está aí para nos mostrar que todos os dias a solidariedade precisa se sobrepor, em busca do bem coletivo.

Como a senhora recebeu a votação expressiva do prefeito no dia 15? Surpreendeu?
Ficamos muito felizes. Foi surpresa, sem dúvida. Mas, acima de tudo, é a consagração de trabalho que pensa na coletividade. Me emociona bastante pensar nisso porque sempre foi uma vontade dele. Ver essa vontade dele se tornar realidade, mais até do que ele imaginava, esse reconhecimento da população, faz com que todo sacrifício que a gente teve enquanto família... Quando falo do individual e do coletivo é isso. Abrimos muito mão do individual para viver a coletividade estando à frente da Prefeitura. Nem sempre as pessoas enxergam isso, o quanto se abre mão da liberdade individual para viver em prol do coletivo. Esse foi, talvez o maior presente que recebemos, esse reconhecimento público de tudo aquilo que muitas vezes abrimos mão pensando no próximo e vendo que a cidade cresceu. Esse protagonismo que ela vive vem do trabalho de uma família que muitas vezes também vive a cidade. Deixou de viver uma individualidade para viver o coletivo. Queremos continuar vivendo esse coletivo, transformando a vida das pessoas. Esse ensinamento é algo que quero deixar para toda Santo André, não só para a Maria Carolina (filha), que devemos pensar a sociedade como um todo se a gente quiser viver em paz, em uma boa sociedade. Em tempo de redes sociais e de muito individualismo, essa foi a melhor resposta.

E que responsabilidade essa votação traz ao governo?
Adiciona muita responsabilidade. É desafio muito interessante. Fico feliz em ter esse desafio pela frente. Não só pela manutenção desse patamar que a gente conseguiu chegar, mas isso nos traz novas ideias e uma vontade muito grande de trabalhar pela cidade para fazer com que ela seja protagonista do Grande ABC, quiçá do Brasil, como tem voltado a ser. Como nunca deveria ter deixado de ser, inclusive. O prefeito costuma dizer que estamos em uma das melhores esquinas do Brasil. Precisamos deixar de lado esse complexo de pequeno para voltar a pensar grande. Que sim, a gente é capaz quando se trabalha em coletivo.

Já tem gente falando que a senhora é nome potencial para disputar vaga na Assembleia Legislativa em 2022...
Eu só escuto. Meu foco é trabalhar pela cidade. E 2022 só vem em 2022. Meu trabalho é dentro do núcleo. Isso (candidatura) não é pauta agora. De verdade, meu foco é continuar o trabalho no núcleo. Tem desafio muito grande dentro da Prefeitura que é justamente a consolidação do núcleo. Precisamos vencer a pandemia, consolidar a política pública. O que é inegável é que esse projeto saiu mais forte depois da eleição de 2020. Isso é incontestável. Mas por causa do trabalho conjunto. Não é nem de ‘A’ ou de ‘B’. É algo muito distante para mim esse assunto.

Mas atrai poder levar esses projetos desenvolvidos em Santo André para outra esfera de poder?
Não deixa de ser desafio. Mas é um desafio que não precisa ser muito estudado no momento. (Candidatura) É algo que precisa ser pensado. O foco tem de ser cuidar da cidade. Se um dia isso voltar a ser pauta, vocês da imprensa vão saber. E não adianta eu falar que não sou política porque acabei me tornando. Só que acho que é ainda algo muito distante para mim. O foco é trabalhar pela cidade.

Mas é um desafio político que a senhora descarta?
Não sei, de verdade eu não sei. É algo que precisa ser estudado. É inegável que o projeto saiu forte. Como é inegável que Santo André merece, não importa os nomes, representantes nos legislativos federal e estadual. Se Santo André quer continuar sendo protagonista, nomes precisam sair daqui, da nova política. Sem falar em ‘A’, ‘B’ ou ‘C’. Não necessariamente um único nome, uma pessoa ‘X’. Precisa ter representante da cidade. E a cidade precisa de representantes. Até porque o próprio desenvolvimento dela depende disso, das transferências de recursos, desse diálogo, dessa interlocução com outras esferas de poder. Mas acho que é construção. Ao longo do tempo essa construção será feita e vai ser conversada. Precisa de um nome, não necessariamente o meu. Em 2022 pensarei em 2022 porque estou muito feliz agora para poder trabalhar, para fazer o núcleo crescer, se solidificar. Deixa esse assunto um pouquinho mais para frente.

Quais mulheres lhe inspiram no seu trabalho no núcleo?
Ah, são muitas. Mas são duas em especial, que representam todas as outras. A dona Ruth Cardoso (ex-primeira-dama do País) e a dona Lu Alckmin (ex-primeira-dama do Estado). São mulheres que conseguiram tirar do papel projetos sociais que impactaram a vida das pessoas. Esses projetos continuam me inspirando e inspirando a luta de diversas mulheres. Elas representam a luta de diversas mulheres que, por meio da política, conseguiram fazer diferença na vida das pessoas. No próprio fundo social tenho exemplo gratificante. Uma professora nossa que conseguiu se formar no primeiro projeto da dona Lu. Ela conseguiu trabalho e quando eu nem sequer tinha sede do fundo social ela veio me procurar. Eu recebi a primeira doação de farinha pela empresa que ela trabalhava sem eu nem sequer ter a primeira padaria do fundo. Ela é nossa professora, confeiteira de mão cheia e confiou no nosso trabalho porque, lá atrás, no início dos anos 2000, alguém acreditou no trabalho, alguém acreditou nela. Quando eu falo que me inspiro na dona Ruth e na dona Lu, eu também me refiro a essas mulheres que foram fruto do trabalho delas. Essa é a professora Edivânia. Temos a Sandra, que abriu uma padaria no Jardim Santo André, que foi projeto do fundo social. A gente conhece cabeleireiros de celebridades que são conceituados em São Paulo que começaram no projeto lá atrás. Não podemos fechar os olhos para isso. Foram projetos que deram certo, foram arrojados, mas que impactaram na vida das pessoas. Muito se fala em projeto social e estudamos os números. O que gostamos é ver a ponta, o resultado final. No projeto dessas duas mulheres conseguimos ver a ponta final.

Se fosse possível resumir em uma palavra, qual seria o trabalho nesses primeiros quatro anos no núcleo?
Gratificante.

E para os próximos quatro anos?
Desafiador.
 




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