Política Titulo Eleições 2020
Patente nas urnas resultou em 8% de vitória na região

Entre 50 candidatos da lista, quatro nomes foram eleitos à vereança; no campo majoritário, nenhum teve sucesso

Fabio Martins
Do Diário do Grande ABC
07/12/2020 | 07:00
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Montagem/DGABC


 As patentes militares registradas nas urnas apontaram 8% de êxito nas eleições do Grande ABC neste ano. Entre os 50 candidatos da lista, incluindo postulantes a prefeito, vice e à vereança, quatro foram eleitos a uma vaga nos Legislativos, cenário diferente do saldo configurado há dois anos, a partir da onda provocada por Jair Bolsonaro (sem partido). No campo majoritário, nenhum teve sucesso. Em termos de representatividade, o total de eleitos irá significar 3%, considerando as 142 cadeiras na região.

O rol de eleitos com patente contabiliza Coronel Edson Sardano (PSD, Santo André, 3.880 votos), Cabo Angelo (PV, Diadema, 2.471), Sargento Simões (Podemos, Mauá, 2.733) e Elias Policial (Podemos, Rio Grande da Serra, 390). Desses, Sardano é o único reeleito, embora com queda de adesões – em 2016, obteve 6.132, quando não utilizou o prenome. Na disputa ao Paço, o resultado foi mais frustrante. No páreo em solo andreense, Sargento Lobo (Patriota) e Policial Federal Dennis Ferrão (PRTB) receberam 1,95% e 1,02% dos válidos, respectivamente. Em Mauá, Policial Federal Mauro Roman (PRTB) computou 3,84%.

Em 2018, na esfera estadual, ao Legislativo paulista, dez das 94 cadeiras foram ocupadas por eleitos que se declararam militares. Os paulistas escolheram Major Olimpo (PSL) para o Senado e mais cinco deputados federais com patente.

Sardano avaliou que a onda manifestada pró-Bolsonaro já passou. Para o pessedista, uma eleição não se reproduz na outra. “Bolsonaro elegeu um monte de sargento, cabo, capitão, delegado. Cada eleição é uma realidade. Fui candidato em 2018 e não usei patente, quando sabia que poderia ajudar. Não queria ser eleito na enxurrada. Neste pleito retomei (prenome) no sentido para voltar à personalidade, de visão conservadora, de família, mas ciente de que isso não seria cabo eleitoral. Política é feita de ondas. Com o passar do frisson, voltei a usar. Não vou de carona.”

Debutante, Cabo Angelo acredita que fugiu do script em trabalho de oito anos em página nas redes sociais, na qual faz atendimento paralelo à atuação de PM – corporação que integra há 20 anos. Acrescentou que notou grande diferença em relação ao boom de dois anos atrás. “Muitos daqueles mais conservadores, de direita, que consideram que bandido bom é bandido morto e achavam que Bolsonaro seria salvador da pátria, meter o pé na porta do Supremo, viram que não é bem assim. O discurso dele mexeu com sentimento de justiça com próprias mãos, sem alianças, mas de certa forma foi abrindo as pernas para governar. Acho que houve frustração com discurso de 2018 e não repetiram em 2020.”

Simões avaliou que o prenome de sargento auxiliou no resultado positivo, “só que quem ganhou a eleição foi o Simões, junto com as pessoas” aliadas no processo. Em 2016, ele registrou 1.952. “Patente ajuda, mas o principal é o que sempre fizemos (trabalho). O que mudou (de 2018 para o pleito de novembro) é que todo extremo é perigoso. Acho que não tem que ser extremista de lado nenhum. Respeito é a base de tudo. Quando se respeita as opiniões diferentes, as coisas tendem a fluir naturalmente.”

Segundo o sociólogo com graduação em ciências políticas Fábio Gomes, o tsunami que elegeu bolsonaristas teve como epicentro naquele momento a tese de que Bolsonaro iria “acabar com a velha política” e esse grupo ajudaria o “herói solitário” na missão de transformar o País. “Não tem mais argumento de ajudar o capitão, pois é na esfera municipal, e alegação se esvazia. A segunda razão pelo aspecto de isso não se repetir é que a transformação de todas as velhas práticas políticas não aconteceram. Existia um sonho que não se confirmou. A partir dessas expectativas, há certo sentimento de frustração.”




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