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Pronta para quebrar regras

Com atores reais, nova versão de ‘Mulan’ é mais séria e busca reflexão em fãs de diferentes idades

Luís Felipe Soares
Diário do Grande ABC
06/12/2020 | 07:00
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Divulgação


Quando seu país precisa de você e alguém da sua família deve representar o grupo, Mulan se mostrou corajosa o bastante para cumprir com o dever. O problema é que algumas regras antigas e ultrapassadas não permitiam que a garota pudesse assumir esses papéis, mesmo que ela tenha totais condições e que seja especial o bastante para proteger a China. Os desafios e dramas vividos pela personagem servem de inspiração para muitas pessoas, principalmente as meninas, sobre romper barreiras, fazer o que é certo e evoluir diante do passado.
 

A milenar lenda chinesa ganhou popularidade em todo o mundo e chamou a atenção dos ocidentais graças ao desenho animado Mulan (1998), projeto noventista dos estúdios Disney que adaptou o conto. O longa-metragem agora foi repaginado, ficou mais sério e está mais próximo do mundo real. Essa nova visão sobre a história está em Mulan, live-action (como são conhecidos projetos com a presença de atores reais) que acaba de estrear no serviço Disney+. A ideia era que o filme chegasse aos cinemas brasileiros em março, mas a pandemia do novo coronavírus fez com que seu lançamento nas telonas fosse adiado algumas vezes, até ter sido suspenso. Com isso, o estúdio optou por colocá-lo no começo deste mês direto no streaming para assinantes do País.
 

O enredo básico da animação está lá: invasores vindos do Norte colocam em perigo a China e um decreto do imperador chama um homem de cada família chinesa para reforçar o exército diante dos confrontos. O pai da protagonista é um sobrevivente de guerras anteriores e, junto com sua mãe, teve duas filhas. Assim, mesmo mais velho e machucado, ele aceita se juntar às tropas para honrar os familiares, com as meninas tendo a missão de se transformarem em damas perfeitas para atenderem aos futuros maridos. Mulan (vivida por Yifei Liu) quer muito mais na vida do que simplesmente se casar e, de madrugada, pega a armadura e espada do patriarca e se apresenta no quartel-general fingindo ser um homem.
 

Se no desenho o clima é mais leve e divertido, o filme é montado de forma a passar lições para o público de maneira pouco colorida e animada – não há qualquer cena musical. Outro ponto que tem chamado a atenção é que o pequeno dragão Mushu não aparece, com uma fênix surgindo como símbolo do clã ancestral da personagem principal. Personagens secundários foram completamente remodelados, com acréscimo de uma poderosa feiticeira pelo lado dos vilões Rouran, chamando a atenção sempre que aparece em cena.
 

Talvez a ideia seja que pais e filhos, principalmente as filhas, possam assistir à obra juntos e discutirem as coisas que viram e refletir sobre os ensinamentos passados pelo roteiro. Grande parte das ações gira em torno de Mulan lidando com três temas ligadas a virtudes que os então chineses acreditavam que uma boa pessoa deve ter: lealdade, coragem e verdade.
 

A jovem passa por crescimento interno ao aprender como essas questões são importante, mas mostrando ao público que cada um trilha seu próprio caminho.

Chi é força especial que pode gerar transformações

Um dos assuntos apresentados no novo Mulan é o chi – ou ki. A personagem possui essa energia especial desde criança, mas os pais fazem com que a garota esconda sua sensibilidade a ele. Há cenas onde ela consegue levitar para realizar certos movimentos.
 

Segundo a cultura chinesa, trata-se de uma essência da vida e da morte, capaz de transformar praticamente tudo. Os ensinamentos orientais dizem que os indivíduos sentem essa força dentro de si de maneira sutil e ela se apresenta de diversas formas.
 

Nos filmes, o chi nos personagens reflete em ações especiais. As lutas são marcadas pela presença de personagens que dão grandes saltos e andam pelas paredes. Os desenhos animados mostram que certas figuras têm força especial o bastante para fazê-los voar, como mostrado na saga Dragon Ball, por exemplo. Mas isso não ocorre no mundo real.

‘A Dama e o Vagabundo’ também está no Disney+

A aposta no gênero live action continua a agitar a Disney. O objetivo é aproveitar a grande lista de longas animados de sucessos para desenvolver filmes com atores reais, cenários (quase) verdadeiros e ajuda de muitos efeitos visuais. Títulos como Cinderela (2015), Mogli: O Menino Lobo (2016), A Bela e a Fera (2017) e Aladdin (2019) já fazem parte dessa lista, com uma recente obra aparecendo de maneira tímida. Trata-se da adaptação de A Dama e o Vagabundo, produção exclusiva do recém-lançado streaming Disney+.
 

O telefilme foi uma das atrações do lançamento original do serviço, disponibilizado nos Estados Unidos desde o ano passado e que chegou no Brasil em novembro. Baseado no desenho de 1955, conta com protagonistas sendo cachorros de verdade, mas que falam a partir de manipulação feita por computação gráfica.
 

Na história, a cachorrinha Lady é o centro das atenções de sua família rica até a chegada do primeiro filho do casal. Ela conhece Vagabundo, vira-lata que vive a aproveitar sua liberdade pelas ruas. A aproximação dos dois mostra que pode haver muitos sentimentos mesmo com tantas diferenças.




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