O Animabc está chegando com atrações para quem é fã
de cultura pop japonesa; a tribo é conhecida como otaku
Viajar aos Estados Unidos ou Europa? Que nada! Tamires Giannella, 17 anos, de São Bernardo, quer mesmo ir para o Japão, tanto que tem um guia de viagem do país com lugar especial na estante de seu quarto. O desejo surgiu com a paixão pela cultura pop japonesa. A garota é fã de mangás, animês, músicas e roupas orientais. "A língua não é tão difícil, já sei falar algumas palavras."
Quem curte e se dedica a essa cultura é chamado de otaku. A galera dessa tribo costuma achar canções e desenhos orientais melhores do que os feitos no Ocidente. "As histórias são parecidas com a nossa realidade, a gente se vê nelas", diz Gabrielle Garcia, 16, de São Bernardo.
Apesar da fantasia, os japoneses criam roteiros com protagonistas envolvidos em dilemas comuns, levando o leitor a se identificar com a trama. Além disso, as histórias têm começo, meio e fim, assim como novelas e séries. Já os heróis dos quadrinhos ocidentais, em geral, são eternos; vivem décadas sem sofrer grandes modificações.
Na infância, Tamires era fã de Sakura Card Captors, enquanto a amiga Gabrielle preferia Naruto, dois animês que passavam na TV aberta. Só conheceram outras obras ao procurar informações na internet. Encontraram imensa variedade de desenhos japoneses tão bons quanto os mais conhecidos; também descobriram o que são mangás e cosplay.
Nas décadas de 1970 e 1980 já existiam brasileiros antenados na cultura oriental. A mania, no entanto, estourou por aqui nos anos 1990. Naquela época, os quadrinhos norte-americanos não traziam novidades, dando abertura aos desenhos japoneses. Os Cavaleiros do Zodíaco foram o primeiro animê de grande popularidade no Brasil. Dragon Ball também tornou-se fenômeno.
De olho no sucesso, as editoras japonesas investiram cada vez mais no lançamento de publicações e produtos (como bonecos e álbum de figurinhas). Então, começaram eventos para reunir admiradores, com shows, palestras, concursos, entre outras atividades.
Os pais nem sempre entendem o gosto do filho otaku. "No início, minha mãe pensava que era uma fase, que iria passar logo", conta Tamires, que se apaixonou pelo universo japonês aos 7 anos.
PRECONCEITO - Os teens apaixonados pelo Japão têm de lidar com dificuldade comum: o preconceito. Gabrielle sofre com os apelidos no colégio. "Acham que somos infantis porque nos fantasiamos e gostamos de desenho", afirma Tamires.
Segundo Sonia Luyten, doutora em mangá e autora de livros sobre cultura pop japonesa, só discrimina quem não conhece. "O grande problema do brasileiro é achar que animação é só para criança." No Japão, há animês e mangás para todas as idades, sobre variados temas. Alguns, inclusive, podem ser vistos apenas por adultos. Quando os desenhos chegam aqui, porém, são exibidos como se não houvesse essa divisão. É por isso que muita gente os considera violentos.
Episódios e personagens são eliminados ou modificados por causa disso. É o caso de Sanji, do popular animê One Piece. Na versão original ele fuma cigarro, mas nos Estados Unidos trocaram por pirulito. As alterações fazem com que muitos fãs acompanhem as séries somente pela web. Sonia também não concorda com as mudanças. "Não acho que as lutas de mangás sejam violentas. Cenas de assalto, briga e pornografia das novelas são piores."
Glossário
Cosplay - Caracterização e interpretação de personagens
Anime - Animação
Manga - Quadrinhos
Shounen - Mangá para garotos
Shoujo - Mangá para garotas
Kodomo - Mangá para crianzas
Kawaii - Fofo
J-Pop - Música pop japonesa
Tokusatsu - Filmes e séries com super-heróis e efeitos especiais, como Jaspion e Jiraiya
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