Após 39 dias da morte de Isabella Nardoni, 5 anos, atirada do sexto andar do prédio em que morava na Zona Norte de São Paulo, o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, pai e madrasta de menina, foi preso na madrugada desta quinta-feira, por volta da 1h20. Ambos se entregaram às 20h30 de quarta-feira, depois que a Justiça de São Paulo decretou a prisão preventiva de ambos.

Eles esperaram a presença dos advogados Ricardo Martins e Rogério Neres e familiares de Alexandre - pai, mãe e irmã, que chegaram por volta das 20h ao prédio dos pais de Anna Carolina, em Guarulhos, na Grande São Paulo -, para se entregar.

Havia tumulto no local devido à presença da imprensa e de vários curiosos. Segundo estimativas dos policiais, cerca de 500 pessoas se aglomeravam no local. Um esquema de segurança foi montado, incluindo cordões de isolamento e formação de um corredor até a delegacia.

Eles deixaram o prédio em Guarulhos, por volta das 22h30, escoltados por carros da Polícia Militar e do GOE (Grupo de Operações Especiais) da Polícia Civil. Um cordão de isolamento foi formado para proibir que as pessoas se aproximassem.

Em seguida, eles foram ao 9º Distrito Policial, no Carandiru, delegacia onde se centralizam as investigações do caso, para assinarem o mandado de prisão. Depois, encaminharam o casal para o IML (Instituto Médico Legal) para a realização do exame de corpo de delito, que durou cerca de 30 minutos.

Após deixarem o IML, à 1h da madrugada desta quinta-feira, Alexandre foi levado ao 13º DP na Casa Verde (Zona Norte), aonde chegou à 1h20. Pouco depois, à 1h30, Anna Carolina foi presa no 97º DP, em Americanópolis, (Zona Sul).

Isolado - Pelo menos durante os três primeiros dias, Alexandre Nardoni, bacharel em Direito, ficará em uma cela separada dos demais presos. O DP na Casa Verde abriga 35 detentos com curso superior. O pai da menina Isabella ficará em um local de cerca de dois metros quadrados e sem televisão, segundo o delegado Reynaldo Peres.

No entanto, o período de isolamento pode se prolongar caso os outros presos protestarem contra a presença de Nardoni.

Prisão preventiva - A prisão foi decretada pelo juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri do Fórum de Santana, que acatou integralmente os argumentos da acusação. O pedido de detenção havia sido feito pela delegada Renata Pontes, da Polícia Civil na última terça-feira, após o parecer do promotor do caso Francisco Cembranelli.

Logo após a notícia do pedido de prisão preventiva, os advogados do casal, Ricardo Martins e Rogério Neres, informaram que Alexandre e Anna Carolina se entregariam à polícia e que o pedido de hábeas corpus seria preparado imediatamente. Se o Tribunal de Justiça não conceder liberdade, o casal pode ficar preso até o julgamento.

Promotor - Em entrevista coletiva, o promotor Francisco Cembranelli aprovou a decisão do juiz Maurício Fosten e revelou que os interrogatórios estão marcados para o próximo dia 28. De acordo com Cembranelli, a prisão do casal impede que a defesa entre na justiça com recursos que poderão tardar o andamento do processo. "Não há duvida que, com o casal solto, nos estaríamos sujeitos a todos os recursos cabíveis para esse caso", disse.

O promotor afirmou estar otimista em relação a manutenção da prisão de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá. Cembranelli disse ainda não acreditar que o casal tenha o pedido de habeas-corpus atendido. "As provas são bastante robustas. Há fortes elementos. Eu tenho absoluta certeza de que as razões da prisão serão mantidas", declarou.

O interrogatório do casal já está marcado para o próximo dia 28, às 13h30, segundo ordem do juiz Fossen.