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O peixe quase sempre morre pela boca
Por Dérek Bittencourt
10/11/2020 | 00:01
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Depois de 31 anos, o EC São Bernardo consolidou no sábado seu retorno para a Série A-2 do Campeonato Paulista ao superar o Comercial de Ribeirão Preto e avançar nas semifinais da A-3. Quem vê o placar agregado de 6 a 2 a favor do Cachorrão pode até julgar erroneamente que foi fácil a missão do representante do Grande ABC, mas a realidade é que o time do Interior vendeu caro a derrota, a ponto de abrir o placar na partida de volta (pouco depois de o goleiro Maurício, inclusive, ter defendido um pênalti). Entretanto, foi a partir justamente do gol que tudo mudou. Isso porque uma frase do técnico Fahel Júnior, da equipe ribeirão-pretana, aos seus jogadores, após Warlei encontrar as redes, mexeu com os brios são-bernardenses. “Eu falei para vocês que esse time é grosso”, teria dito o treinador visitante, referindo-se ao EC São Bernardo, segundo pessoas que estavam no banco de reservas do 1º de Maio, gerando até um certo tumulto. Logo depois, no intervalo, o comandante do Cachorrão, Renato Peixe, usou disso – além de ter dado uma sonora bronca em razão do primeiro tempo muito aquém do esperado do seu time – para dar um choque nos atletas. Deu certo. No fim das contas, Felipe, Osvaldir e Raul definiram a virada (3 a 1), decretando a classificação e despachando qualquer tipo de soberba de volta para casa. Pouco depois, nas redes sociais, o presidente Felipinho Cheidde desabafou e rebateu a declaração do rival: “Patente alta, bigode grosso. Respeita Fahel Júnior”, publicou. E a verdade é que desde o jogo de ida o técnico do Comercial já vinha apimentando o confronto.

Rebobinando um pouco a fita, uma semana antes, em Ribeirão Preto, tão logo terminou o duelo de ida (que também teve vitória do EC São Bernardo por 3 a 1), no tradicional cumprimento entre os treinadores após o jogo, Fahel Júnior (que na região já comandou Santo André e São Caetano) disse a Renato Peixe: “Fica tranquilo que vou te tirar lá dentro da sua casa”. Dias depois, à imprensa local, o comandante comercialino ainda reforçou: “O recado está dado, vamos buscar o resultado lá dentro (do 1º de Maio).” Enfim, não foi o que aconteceu. Essas falas, inclusive, também foram utilizadas pelo técnico são-bernadense na preleção. Desta maneira, a verdade é que o tiro saiu pela culatra e ao invés de dar ânimo para sua equipe, o treinador inflamou todo o elenco do Cachorrão, o que aumentou ainda mais tanto a comemoração pós-jogo quanto a justa e merecida festa que se estendeu do vestiário do 1º de Maio para um dos portões do estádio (onde alguns torcedores estavam comemorando e engrossaram a celebração) e, posteriormente, se transferiu até um restaurante da cidade. Aliás, festejos nestes que consigo imaginar inserido um ilustre torcedor do time, que nos deixou há alguns meses, caso do amigo Jurandir Martins. Sem dúvida o gaúcho Jura celebrou muito de onde quer que esteja.

PERSONAGENS
O elenco do EC São Bernardo montado para esta Série A-3 conta com diversos jogadores de nível superior à divisão, entre eles o volante Dudu, o meia Lucas Gomes e os atacantes Chuck e Raul – todos os quais considero peças importantes a serem mantidas para a A-2 de 2021. Porém, foram duas outras peças que tiveram grande papel de destaque e foram fundamentais para a conquista do acesso, caso do veterano goleiro Maurício, no auge dos seus 43 anos, e o meia Felipe, que até o ano passado desfilava sua habilidade nas quadras com a camisa do Santo André Futsal, mas agarrou com unhas e dentes a oportunidade dada pelo Cachorrão e fez a diferença. Outro que não pode passar desapercebido é o artilheiro Victor Sapo, maior goleador do torneio, com sete tentos, decisivo em muitos momentos.

E, obviamente, de nada servem as peças se não houver aquele que tem capacidade de juntá-las e colocá-las para funcionar. E é aí que entra o competentíssimo Renato Peixe, trazendo toda a experiência adquirida dentro de campo para um trabalho de – até aqui – um ano e meio à frente do EC São Bernardo cercado de excelência, no qual chegou à inédita semifinal da Copa Paulista em 2019, no debute da equipe na competição, e agora alcançou o acesso para a Série A-2, a dois passos da conquista do título. E pensar que no início ele nem era unanimidade – talvez pela ligação com o São Bernardo FC ou então pela inexperiência –, mas, aos poucos, foi conquistando a todos baseado em resultados, falando o que chama de “língua do jogador”, tendo o elenco nas mãos e, consequentemente, escrevendo seu nome na história do Alvinegro.

A HISTÓRIA SE REPETE
Mais uma vez uma etapa do SuperBike Brasil termina com uma vítima fatal. Neste fim de semana, em Interlagos, Matheus Barbosa, 23 anos, natural de Anápolis-GO, perdeu o controle da moto na curva da Junção e, após atravessar área de escape, acabou se chocando com uma barreira de proteção. Foi a quinta morte nos últimos anos em provas desta que é a principal categoria do motociclismo nacional. Qual é o problema? Os autódromos brasileiros não são aptos para este tipo de evento? Está valendo a pena manter o SuperBike? Mudanças foram feitas, mas a história se repete. Até quando?  




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