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Em 12 anos, Salles despontou, porém abandonou a carreira

Ex-prefeiturável de Sto.André vive atualmente com a família na Espanha após série de reveses

Por Fabio Martins
Do Diário do Grande ABC
08/11/2020 | 07:00
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Mineiro de Alfenas, o advogado Raimundo Salles despontou na carreira política há 12 anos quando ingressou, com destaque, na disputa majoritária pela Prefeitura de Santo André, mas aposentou-se das urnas com a mesma velocidade que entrou. Retirou-se completamente do jogo eleitoral, abandonando o plano após a quinta derrota consecutiva. Cumpriu declaração feita por ele há quatro anos, ainda no começo da última campanha ao Paço. A partir do revés na ocasião, Salles voltou a concentrar-se à vida profissional. Logo na sequência, foi morar com a família em Madri, na Espanha, onde vive até hoje.

Na largada de projeto próprio à Prefeitura pelo DEM, em 2008, Salles, 57 anos, quase embarcou no segundo turno. O pleito é encarado por aliados como o mais promissor a ele. O advogado, de sucesso no ramo, havia acabado de deixar cargos de alto escalão em prefeituras vizinhas – foi secretário de Governo e Comunicação em São Bernardo e depois teve passagem em Mauá. Ficou na terceira colocação. À época, foram 70.918, 10 mil a menos que Aidan Ravin, que alcançou a fase final e venceu o páreo.

Antes deste processo, a estreia ocorreu em 2006, por vaga na Câmara Federal, pelo então PFL. Foram 56.195 votos. Chegou a assumir mandato-tampão, por um mês, já no fim da legislatura em 2011, com a licença de Julio Semeghini. Em 2010, tentou assento na Assembleia. Registrou 36,8 mil sufrágios. Brigou novamente pela cadeira do Paço em 2012, no PDT, obtendo 48,7 mil adesões. Com a derrota, aceitou convite para ser secretário de Cultura. Em 2016, computou seu pior desempenho (17,6 mil votos, 5,30%).

Neste período, teve reputação de montar potenciais chapas de vereadores. Em todas as empreitadas elegeu representantes. Eleito na chapa de Salles, Fábio Lopes (Cidadania) avaliou que o ex-correligionário “não soube ver o cenário”. “Ele saiu no momento errado. Esse era o momento para ele, um cara de direita. Acredito que teria chance de ir para o segundo turno com o prefeito Paulo Serra (PSDB). É inteligente, preparado. Santo André mereceria ter Salles como prefeito.”

Fiel escudeiro por nove anos, Antônio Zanon considerou que Salles, hoje desafeto, poderia ter sido um dos melhores prefeitos de Santo André, porém era extremamente vaidoso. “Tem experiência, cultura de outros países, é arrojado e determinado. Faria revolução, marcaria história. O grande drama era seu lado personalista, não ouve ninguém. Não concilia. Ganha cinco amigos de manhã e perde dez à tarde.” Para o conselheiro político e amigo Helio Dellanoce, Salles “bateu na trave” por falta de estrutura. “Ele teve bons resultados, insuficientes. Estava pelo sonho, é idealista.” Ele acredita que o aliado, de fato, se aposentou. “Quando perde o pique, é difícil retornar. Ele diz que é definitivo.”

Salles não foi localizado para comentar o assunto.




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