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Cemitérios registram pouca movimentação no Dia de Finados

Embora locais tenham tomado medidas sanitárias contra a Covid, população evitou visitas; com cuidados, famílias presentes não temiam contaminação

Ana Beatriz Moço
Do Diário do Grande ABC
03/11/2020 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Diferentemente dos anos anteriores, o feriado de Finados, celebrado ontem, registrou pouca movimentação nos cemitérios do Grande ABC. Embora os equipamentos tenham respeitado as medidas sanitárias para evitar a Covid, com aferição de temperatura e álcool gel na entrada, uso de máscara obrigatório e controle do número de pessoas, visitantes ouvidos pelo Diário acreditam que a baixa procura para homenagear familiares tenha sido influenciada pelo medo de contaminação pelo novo coronavírus.

O Cemitério Nossa Senhora do Carmo, mais conhecido como Curuçá, no Parque das Nações, em Santo André, costuma receber grande público no dia 2 de novembro. No entanto, poucas famílias foram vistas circulando ontem pelo equipamento. A missa, por exemplo, foi rezada do lado de fora da capela, respeitando o distanciamento físico entre os visitantes.

As pessoas que foram até os jazigos disseram que estavam seguras, mas optaram por ficar pouco tempo no cemitérios, ao contrário de anos anteriores, quando os espaços acabavam se tornando ponto de encontro entre os familiares.

Morador da Vila Junqueira, no município andreense, Ivan Irineu de Souza, 63 anos, perdeu o filho em 1983 e, desde então, todos os anos vai ao túmulo dele. “Sempre venho visitar meu filho no Dia de Finados, porque, com mais pessoas (circulando no cemitério), fica mais seguro do que em outras datas”, contou Souza.

Ele relatou que nos últimos anos o cemitério teve movimento maior. “Não tinha nem lugar para estacionar e era difícil andar de tanta gente. Hoje (ontem) conseguimos lugar para colocar o carro em frente, nunca foi assim”, comentou Souza, assumindo que, embora tenha ido ao cemitério, continua temendo a Covid. “Estou com medo até hoje”, completou.

Souza estava acompanhado de sua filha, Daiane Florentino de Souza, 34, e o genro Michael Andrade Gamba, 35. Ele aproveitou para visitar o jazigo de sua mãe, que faleceu há um mês. “Ela morreu de câncer. E neste período de pandemia perdi diversos amigos e pessoas próximas. Essa doença (Covid) não é brincadeira, temos de nos cuidar e seguir”, comentou Gamba.

Já no Cemitério Vila Euclides, em São Bernardo, o movimento estava ainda mais escasso. A dona de casa Gabriela Aparecida Venerano, 45, visitava o túmulo onde estão sua mãe, tios e avós. Ao lado da família, ela contou que, por tradição, em todas as datas especiais, como o Dia das Mães, visitam os cemitérios onde têm familiares enterrados para prestar homenagens. Com a pandemia, tiveram de abortar o costume e aproveitaram o Dia de Finados para poder orar pelos parentes. “Não fiquei com medo de me contaminar, vim bem tranquila. Mas o movimento este ano caiu muito. Nunca tinha visto o cemitério tão vazio”, contou a moradora do bairro Jardim Petrônio.

A dona de casa Andreia Cristina Adamo, 42, que mora no Parque Seleta, foi ao Cemitério da Vila Euclides para levar flores aos familiares. “Nas outras datas em que não pude vir, acendi vela em casa para não passar em branco, mas como tive a oportunidade de estar aqui hoje (ontem), encarei sem medo”, afirmou.

O velório do cemitério são-bernardense era o espaço com mais movimento. Milene Prado Tomoyose, 46, estava com o marido e o filho acendendo vela aos familiares que partiram, sobretudo ao seu pai, que está enterrado no Interior. “Achei que as pessoas ficaram com medo de vir por causa da pandemia. Eu mesma já tinha falado ao meu marido que, se estivesse lotado, ia embora, nem entraria”, assumiu a professora.

Moradora da Vila Marlene, em São Bernardo, Milene participou da missa, que estava com poucas pessoas. “Sobrou lugar. Fiquei impressionada com isso”, disse, contando que notou que as pessoas estavam conscientes em relação ao distanciamento físico.




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