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Governo muda de atitude para atrair investidores
Do Diário do Grande ABC
06/11/1999 | 16:06
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No início de dezembro, cerca de 20 executivos norte-americanos interessados em novas oportunidades de investimentos vao desembarcar no Rio para conhecer mais de perto o programa Avança Brasil.

A viagem do grupo está sendo organizada pelo Emerging Markets Partnership, uma firma de Washington especializada em investimentos de médio prazo em projetos de infra-estrutura que já investiu US$ 600 milhoes no Brasil.

A visita é o tipo de resposta que o ministro do Orçamento e Gestao, Martus Tavares, buscava na viagem que fez aos Estados Unidos, na semana passada.

"A economia brasileira está hoje preparada para a retomada do crescimento", disse ele em três encontros com executivos de empresas e funcionários de organizaçoes internacionais.

Seu objetivo era atrair investidores, especialmente para os projetos de infra-estrutura em energia, transportes e telecomunicaçoes. O governo projeta investimentos de US$ 106 bilhoes nos próximos anos nessas áreas e aposta que mais da metade do dinheiro virá do exterior.

Segundo o ministro, a apresentaçao do Avança Brasil no exterior marca "uma mudança de atitude do governo" em relaçao às discussoes sobre a economia brasileira. Em vez de deixar que estas continuem a ser pautadas pelas dúvidas sobre a capacidade do país de completar as reformas, o governo decidiu que as etapas que faltam serao executadas e que chegou a hora de mudar de discurso: a ordem é enfatizar o que já foi feito, substituir a linguagem do sacrifício do ajuste pela dos benefícios do crescimento que começa a voltar, e apostar que os investidores estrangeiros comprarao essa mensagem e ajudarao a reforçar os argumentos em favor da aprovaçao das medidas essenciais para levar o país ao equilíbrio fiscal e destravar a economia: as reformas tributária e da previdência e a aprovaçao da lei de responsabilidade fiscal.

Tavares testou a nova estratégia ao explicar a supreendente capacidade de reaçao do país após a crise cambial, desmentindo as previsoes de contraçao catastrófica do PIB. Numa palestra no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) na sexta-feira, ele explicou que a recusa da economia brasileira à recessao é o resultado dos avanços que o país fez nos cinco anos de estabilidade de preços, da posiçao saudável do setor privado, da reconquista da credibilidade pelo Banco Central e do firme compromisso do governo de levar adiante o programa de estabilidade fiscal que negociou com o Fundo Monetário Internacional "e que está cumprindo".

A nova atitude do governo é bem recebida por alguns analistas. "A realidade é que os contratempos na reforma da previdência e seus reflexos na economia nao tiraram o assunto da pauta, ao contrário, parecem ter até contribuído para aumentar a compreensao sobre a natureza do problema e o apoio a uma soluçao", disse Rowena Dasgupta, principal analista do G7Group, uma firma de análise econômica. "Um dos efeitos positivos do câmbio flutuante é deixar claro que nao existe alternativa ao ajuste das contas públicas."

Essa nao é, contudo, uma visao unânime. O economista Paulo Leme, do banco de investimento Goldman, Sachs, que no mês passado previu corretamente a atual fase de otimismo dos investidores, adverte contra interpretaçoes exageradas sobre o significado do fenômeno.

"A verdade é que os investidores continuam muito preocupados com a debilidade da implementaçao do programa de estabilidade, esteja ele em lei ou nao, e as preocupaçoes permanecem tao agudas como antes."

Segundo Leme, "a diferença positiva é que agora já há um histórico de cinco trimestres de cumprimento dos objetivos fiscais primários do programa com o FMI".

Para o economista, "o investidor reduzirá suas cobranças se o Congresso e o Supremo Tribunal Federal resolverem nos próximos meses as três grandes questoes pendentes: a previdência, a reforma tributária e a lei de responsabilidade fiscal".




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