Os dois adolescentes que mataram na madrugada de segunda-feira uma carcereira no 3º DP de Diadema colecionam longos históricos de infrações. O rapaz mais jovem, recapturado segunda-feira depois de participar da morte da carcereira Diva Aparecida Soares, soma sua quarta infração em 15 anos de vida. O outro, de 17, que continua foragido, tinha passagens por furto e lesão corporal.
Dentre os dois, somente o rapaz de 15 anos é da região. Terça-feira, ele foi ouvido pelo Ministério Público de Diadema. Depois, foi transferido para uma unidade da Febem na capital. À polícia, disse que a responsabilidade pelo plano de fuga da carceragem do DP e pelas marretadas na carcereira é do rapaz de 17 anos. O garoto recapturado nasceu em São Bernardo. Em abril de 2005, teria roubado o celular de um cabeleireiro do bairro e teria sido ameaçado por traficantes da região onde morava.
Por determinação judicial, o adolescente ficou em abrigo da Fundação Criança, em São Bernardo, em liberdade assistida. Passou por acompanhamento psicológico e chegou a ficar em duas clínicas de reabilitação para dependentes químicos no interior do Estado. Durante esse período, segundo o Ministério Público, o jovem também não teria cumprido a prestação de serviços. Ele voltou ao convívio comum por ordem judicial dia 21 de novembro. Data em que teria cometido um roubo – não especificado – em São Bernardo.
Segundo a presidente da Fundação Criança, Marlene Zola, casos como o dele são minoria. “Entre menores que estão em liberdade assistida em São Bernardo, o nível de reincidência é perto de 5%. Para prestação de serviços não chega a 1%”, afirma. Ela classifica o rapaz como um caso complexo, em que vários fatores contribuíram para que não fosse alcançada a reabilitação.
Foi no 3º Distrito Policial de Diadema que o rapaz conheceu o garoto de 17 anos, comparsa no assassinato da carcereira Diva, morta a marretadas e com um cabo de colher. O adolescente mais velho é da capital e havia acabado de sair da Febem, onde cumpria medida socioeducativa por lesão corporal, quando foi flagrado roubando um carro em Diadema.
Diferentemente do mais novo, que ficou apenas cinco dias no DP, ele estava no local desde o dia 13. O tempo máximo que, pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), menores podem ficar nas chamadas salas especiais dos DPs é cinco dias. Três dias depois de ser detido, a Vara da Infância e da Juventude de Diadema já havia expedido ofício pedindo transferência para unidade provisória da Febem. Segundo a Fundação, é responsabilidade da Polícia Civil transferir os jovens no prazo estipulado pelo ECA. A polícia afirma que a responsabilidade pelos menores é da Febem.
Terça-feira, a única carceragem da região que abrigava menores era a de Diadema, onde havia 14 adolescentes. Dez eram de São Bernardo e quatro de Diadema. O local também abriga, eventualmente, menores de São Caetano. Nas delegacias de Mauá, Ribeirão (que também atende jovens de Rio Grande da Serra) e de Santo André, funcionários informam que os menores são quase que imediatamente transferidos para unidades provisórias.
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