Uma praça no bairro Santa Maria, em São Caetano, é motivo de polêmica. Gilberto Teles Soares, 63 anos, reformou parte da praça das Andorinhas por conta própria, sem avisar a Prefeitura, e terá de desfazer as mudanças. As cores usadas para pintar o local, azul e amarelo, idênticas às da empresa de Soares, são o maior argumento para a decisão da administração. Para o diretor da Desem (Diretoria de Serviços Municipais), Dorival Fernandes, as alterações fazem parte de uma “jogada publicitária”. O comércio de Soares fica em frente à praça.
O empresário gastou mais de R$ 2 mil nas alterações. Pintou parte da praça, plantou árvores frutíferas, colocou correntes de proteção nas calçadas. Uma plaquinha (A GTS Autopeças conserva esse local) foi o toque final da decoração. “Eu cansei de ficar esperando a Prefeitura fazer e fiz por conta própria. Pretendia terminar o resto, se a Prefeitura tivesse deixado”, conta Soares.
As cores, que dão a leve impressão de que a praça e a empresa são da mesma pessoa, teriam sido escolhidas por uma questão logística. “Eu já tinha as tintas no estoque e aproveitei para usá-las na praça.”
Quem mora na vizinhança não parece muito preocupado com a semelhança entre a praça e a empresa de Soares. “O rapaz está fazendo um bom trabalho. Ninguém da Prefeitura nunca vem aqui e agora eles estão preocupados?”, questiona a dona-de-casa Maria José de Carvalho, 62 anos. O aposentado João da Costa Melo, 79, concorda. “Se ele quer pintar, deixa ele. Eu não pinto porque não posso.”
Mas as mudanças, além de não autorizadas, são irregulares, segundo a administração municipal. Plantas próximas demais da guia, bancos na calçada, lixeiras estariam completamente fora do padrão de acessibilidade para deficientes físicos. “Para andar ali você tem que fazer ziguezagues. Ele não seguiu nenhum dos critérios de acessibilidade”, diz o diretor do Desem, Dorival Fernandes. A Prefeitura pretende que até o fim do mandato do prefeito José Auricchio Júnior toda a cidade siga os critérios de acesso universal para deficientes físicos.
Fernandes afirma que a Prefeitura até incentiva empresas a participarem da conservação de praças e canteiros. “A General Motors, por exemplo, conserva há muitos anos os jardins da avenida Goiás. Mas a única sinalização permitida nesses casos é uma placa dizendo que a empresa cuida do local”, informa o diretor.
O empresário Soares conta que perdeu dois fins de semana, com dois pedreiros, trabalhando na praça. Mas diz que vai acatar a decisão do município. Recolherá tudo que comprou e tentará tornar a fachada da praça o mais parecido possível com o que era. “Mas, agora, pelo menos vai ficar sem os buracos e rachaduras no muro e calçadas. Porque isso não dá para colocar de volta.”
A indignação do empresário, no entanto, permanece. “A Prefeitura só faz reforma na Goiás. E quando alguém promove benfeitorias por conta própria eles proíbem!” A Prefeitura nega. “Só dissemos que ele precisava mandar uma carta e nós autorizaríamos. Mas parece que ele quer aparecer.” Discussões à parte, a praça por enquanto permanece metade como Soares quer e metade como a Prefeitura deixou.
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