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Sudão rejeita intervenção militar estrangeira em Darfur
Da AFP
25/07/2004 | 20:20
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O Sudão, que está sob forte pressão internacional, anunciou neste domingo que rejeita uma intervenção militar estrangeira para prevenir uma catástrofe humanitária no Darfur, onde o balanço de mortos pode ser superior a 50 mil pessoas, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).

Em declarações à BBC, o ministro das Relações Exteriores do Sudão, Mustafá Osman Ismael, afirmou que uma intervenção militar internacional não é necessária porque seu governo "faz todo o possível para desarmar as milícias".

"Por que teríamos de nos precipitar e falar de uma intervenção militar, quando a situação melhora em Darfur?", questionou, insistindo que seu país já "começou a aplicar" um acordo fechado há três semanas com o secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan.

O Congresso Nacional, partido atualmente no poder no Sudão, já advertiu que vai se opor à força a qualquer intervenção estrangeira e convocou uma mobilização geral.

Neste sábado, o presidente sudanês, Omar al-Bechir, acusou a comunidade internacional de "tomar o Islã como alvo" na crise do Darfur. De acordo com o jornal pró-governo Al-Anbaa, na edição da véspera, Bechir disse aos seus partidários ao fim da oração semanal de sexta-feira, que "o verdadeiro objetivo da campanha internacional contra seu país não é denunciar a situação na tumultuada região do Darfur, mas frear o avanço do Islã no país".

"A preocupação internacional sobre a situação no Darfur tem como objetivo o lugar que o Islã ocupa no Sudão", frisou Bechir, que chegou ao poder depois de um golpe de Estado que os islamitas deram em 1989.

Cartum, capital sudanesa, rejeitou as críticas de que não está fazendo o suficiente para solucionar essa crise humanitária, que segundo as Nações Unidas é a pior existente na atualidade no mundo. A ONU pede ao governo que melhore as condições de acesso das organizações e agências de ajuda humanitária às regiões mais desfavorecidas.

Antes dessas declarações do presidente sudanês, os parlamentares já tinham denunciado as consultas feitas no Conselho de Segurança da ONU para impor sanções ao Sudão, por considerar que se trata de uma ingerência nos assuntos internos do país.

Pressão- As pressões internacionais estão aumentando. A Grã-Bretanha, por exemplo, anunciou que está disposta a mandar 5 mil homens à região de Darfur, segundo o general britânico Michael Jackson, enquanto a Austrália examina um envio de tropas dentro de uma possível missão de paz da ONU.

Neste sábado, a União Européia, por intermédio de seu alto representante para Segurança e Política Externa, Javier Solana, insistiu que se respeite o cessar-fogo e pediu a Cartum que atue para desarmar as milícias pró-governo, conhecidas como ‘janjaweed’.

Reunião- No âmbito diplomático, houve nesta sexta-feira uma reunião em Genebra, na Suíça, entre o coordenador da ONU para a África, Mohammed Sahnun, e representantes dos grupos rebeldes do Darfur, mas o conteúdo do encontro não foi divulgado.

Essa reunião aconteceu no mesmo dia em que o presidente americano George W. Bush exigiu que o Sudão ponha fim à violência das milícias e facilite o acesso das associações humanitárias à região.




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