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'Você não estará seguro nos EUA de Joe Biden', diz vice de Trump
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27/08/2020 | 08:30
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Fotos Públicas


Em meio a mais um momento de convulsão social nos Estados Unidos, o vice-presidente americano, Mike Pence, usou o discurso de defesa da lei e da ordem em prol da campanha de reeleição de Donald Trump. Ao fechar a penúltima noite de convenção republicana nesta quarta-feira, Pence explorou o medo entre o eleitorado ao dizer que a vitória do democrata Joe Biden é uma ameaça à segurança dos americanos.

"A verdade é que você não estará seguro nos EUA de Joe Biden", disse Pence, que aceitou na noite de ontem a nomeação da partido para concorrer na chapa ao lado de Trump em novembro. "Com Trump, nós não vamos tirar recursos das polícias, nem agora e nem nunca", disse Pence. Durante as últimas três noites, republicanos acusaram Biden de apoiar a plataforma de manifestantes antirracismo que pedem para diminuir a verba das polícias. Biden, no entanto, já se manifestou publicamente contra a ideia.

"O presidente Donald Trump e eu vamos sempre apoiar o direito dos americanos de protestar pacificamente, mas tumultos e saqueamentos não são protesto pacífico. Destruir estátuas não é liberdade de expressão e aqueles que fazem isso serão processados em todo o alcance da lei. Na semana passada Joe Biden não disse uma palavra sobre violência e caos. A violência precisa parar, seja em Minneapolis, Portland ou Kenosha", afirmou Pence.

Uma nova onda de protestos contra o racismo eclodiu nesta semana, depois de Jacob Blake, um homem negro de 29 anos, ser baleado com sete tiros à queima-roupa, pelas costas, disparados por um policial branco em Kenosha, no Wisconsin. Blake está internado e paralisado da cintura para baixo.

Duas pessoas foram mortas e uma gravemente ferida durante os protestos nesta semana. Um jovem branco de 17 anos foi detido e indiciado por homicídio qualificado, acusado pelo assassinato dos manifestantes. Rittenhouse foi descrito pela polícia como um adolescente extremamente perturbado e fanático pelo movimento Blue Lives Matter - "vidas azuis" é uma referência à cor do uniforme dos policiais, uma organização criada como contraponto ao Black Lives Matter.

Desde que protestos contra o racismo e violência policial se espalharam pelo país após o assassinato de George Floyd, em Mineápolis, em maio, o governo Trump tem adotado uma narrativa de defesa da "lei e da ordem". Trump já chamou os manifestantes de radicais, anarquistas, saqueadores ou bandidos. Ele colocou grades na praça no entorno da Casa Branca e defendeu o endurecimento da resposta policial - o oposto do pedido feito nas ruas. O presidente também publicou vídeos descontextualizados nas redes sociais com imagens de negros agredindo brancos e foi contrário ao movimento que quer ressignificar estátuas e monumentos de personagens históricos com passado escravocrata.

No curso de um novo estopim de protestos, Mike Pence reiterou a retórica do presidente. "Nós teremos lei e ordem nas ruas desse país para todas as raças, todas as cores e todos os credos", disse o republicano, que concorre junto com Trump na chapa que disputa a reeleição. "Presidente Trump e eu sabemos que homens e mulheres que colocam uniformes de policiais são o melhor de nós. Todos os dias eles consideram nossas vidas mais importantes que as deles mesmos", disse Pence.

O discurso do vice-presidente mudou o tom da terceira noite da convenção democrata. Durante todo o evento, participantes tentaram mostrar Trump como um presidente que valoriza o trabalho de profissionais mulheres no seu governo. O presidente tem buscado apoio entre o eleitorado feminino, que prefere Joe Biden. As mulheres são 55% do eleitorado.

Ao fechar a noite em um discurso de mais de 30 minutos, no entanto, Pence recolocou a convenção no ritmo dos dias anteriores, de ataque aos democratas. "Joe Biden não seria nada mais que um cavalo de troia para a esquerda radical", afirmou o vice-presidente, que disse que o candidato democrata pode "colocar os EUA no caminho do socialismo e declínio".

Trump usou a ideia de que o governo democrata colocará os Estados Unidos rumo ao socialismo na campanha de 2016 contra Hillary Clinton e tem repetido a mensagem neste ano. A manutenção da retórica trumpista é o sinal de que a campanha pretende empolgar uma base já existente e não convencer novos eleitores. Biden, no entanto, fez uma campanha eleitoral com uma plataforma de centro e é considerado um político moderado.

Pence é o coordenador da força-tarefa da Casa Branca sobre o novo coronavírus. No discurso, ele novamente prometeu uma vacina contra coronavírus até o final do ano - algo que Trump também já disse - e defendeu que Trump tomou medidas corretas ao banir voos vindos da China no final de janeiro e organizar a "maior mobilização nacional desde a Segunda Guerra mundial" para atender as demandas de produtos médicos de Estados.

Trump minimizou o impacto no vírus até a metade de março, apesar de ter recebido alertas dos especialistas do próprio governo desde janeiro. A resposta tardia e errática do presidente, que pressionou governos estaduais a relaxar medidas de isolamento de forma prematura em abril, é criticada pela oposição e mal avaliada pela sociedade. Os EUA acumulam mais de 5,8 milhões de infectados pela covid-19 e cerca de 180 mil mortos, os maiores números do mundo.

Pence mencionou ainda a capacidade de testes dos EUA, no mesmo dia em que a imprensa americana noticiou que a agência de saúde do país foi pressionada a mudar as diretrizes para desencorajar a realização de testes de covid-19 em pacientes assintomáticos.

Trump já se queixou algumas vezes da quantidade de testes realizados, ao avaliar que os números são altos porque os EUA realizam muitos testes. O discurso do vice-presidente foi feito em Baltimore, em um evento para cerca de 130 pessoas, que nas imagens aparentavam estar sem máscaras. Trump chegou ao final ao lado da primeira dama, Melania Trump, para uma aparição ao lado do vice, a única da noite.




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