O presidente da Bielo-Rússia, Alexander Lukachenko, rejeitou nesta segunda-feira, 17, novas eleições presidenciais, mas admitiu que pode partilhar o poder com outros líderes políticos. No nono dia de protestos e em meio a uma grave geral, ele foi vaiado por manifestantes em visita a uma fábrica de veículos pesados. "Obrigado, já disse tudo o que queria dizer. Podem dizer 'fora'", afirmou irritado ao final de seu discurso.
Na visita, o presidente insistiu que não abandonará o poder. "Nunca farei algo sob pressão", declarou. "Até que me matem, não haverá eleições." A visita à unidade da MZKT, estatal criada aos moldes soviéticos, provocou confronto entre polícia e manifestantes, incluindo trabalhadores que estão de braços cruzados - ele chegou ao local de helicóptero.
A oposição havia convocado para esta terça, 18, uma greve geral, que teve forte adesão - além dos funcionários da fábrica de veículos, policiais, jornalistas da imprensa oficial e até um embaixador aderiram ao movimento.
Milhares de manifestantes se reuniram diante da fábrica e em frente à sede da TV estatal, em Minsk. Com bandeiras brancas e vermelhas, cores da oposição, eles gritaram palavras de ordem contra o presidente, que está há 26 anos no poder e foi reeleito no dia 9 com 80% dos votos. A oposição diz que a eleição foi fraudada. A União Europeia também não reconheceu o resultado oficial.
De acordo com a agência oficial de notícias, a BelTA, o bielo-russo admitiu que poderia entregar o cargo depois da realização de um referendo sobre mudanças na Constituição. As alterações na lei já estariam em andamento, segundo Lukachenko, mas não acontecerão sob pressão dos manifestantes.
"Faremos as mudanças em referendo e entregarei meus poderes constitucionais. Mas não sob pressão ou em razão das ruas", disse o presidente, que afirmou que, só assim, poderiam ser realizadas novas eleições. "Sim, não sou santo. Vocês conhecem meu lado duro. Não sou eterno. Mas, se vocês me arrastarem, arrastarão países vizinhos e todo o resto ", disse Lukachenko, que aponta uma interferência externa nos distúrbios no país.
Svetlana Tikhanovskaya, candidata de oposição derrotada, que recebeu oficialmente 10% dos votos, afirmou ontem que está pronta para liderar a Bielo-Rússia, um dia depois da maior manifestação popular do país - diferentemente das vezes anteriores, não houve repressão policial.
"Não queria ser política. Mas o destino decretou que eu deveria estar na linha de frente contra a arbitrariedade e a injustiça", declarou a opositora, exilada na Lituânia, em vídeo. "Estou preparada para assumir minhas responsabilidades e atuar como líder nacional. "Você, que acreditou em mim, admiro hoje cada minuto de sua coragem."
O governo do Reino Unido afirmou ontem que não aceita os resultados da eleição e pretende adotar sanções contra os responsáveis pela repressão aos manifestantes, seguindo diretriz da UE. "Precisamos com urgência de uma investigação independente da (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa", declarou chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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