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Danos por pipas sobem 2,5 vezes no 1º semestre

Alta foi influenciada pela quarentena; Diadema e Mauá lideram ranking do número de ocorrências

Por Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
02/08/2020 | 23:59
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Pixabay


Levantamento realizado pela Enel, empresa responsável pelo fornecimento de energia elétrica na maior parte da Região Metropolitana, a pedido do Diário, aponta que no Grande ABC as ocorrências com pipas na rede elétrica que impactam no fornecimento de energia cresceram 12 vezes no primeiro semestre, passando de 96 ocorrências em 2019 para 236 neste ano. A alta foi puxada pela quarentena, quando as autoridades recomendaram que as pessoas ficassem em casa para se proteger da Covid-19. 

Diadema lidera como a cidade que apresenta mais casos no primeiro semestre deste ano, totalizando 58. Seguida bem de perto por Mauá, com 57, e São Bernardo, em terceiro, com 51. Santo André registrou 47 ocorrências, Ribeirão Pires 14, Rio Grande da Serra cinco e, por último, São Caetano com quatro ocorrências (confira levantamento completo ao lado).

Ainda de acordo com a Enel, na Capital e em mais 23 municípios foram 1.560 casos que implicaram no desligamento da rede de distribuição de energia no período da quarentena. Os dados apontam que, entre as áreas mais afetadas, estão as zonas Leste e Sul, seguidas por Oeste e Norte. Já na rede de alta tensão, o número de casos passou de um para nove, com maior incidência na Zona Sul de São Paulo e também no Grande ABC. Nesses casos, equipes da distribuidora são mobilizadas para realizar os reparos necessários e substituir parte dos fios para restabelecer o serviço.

Gerente de operações da Enel, Vinicyus Lima acredita que o fato de as escolas terem antecipado as férias de julho contribuiu para o aumento significativo nos registros. “Ocorrências com pipas sempre vão acontecer e, acredito, que agora essas incidências possam cair, justamente porque as escolas estão oferecendo conteúdo on-line. Então, entendemos que daqui para frente a tendência é a queda”, projeta.

Lima comenta que a companhia reforça, em campanhas educativas, que o contato de pipas com a rede elétrica pode ser combinação perigosa e fatal. “Quando tem alguma ocorrência relacionada a pipas, sempre informamos para nunca mexer ou tentar remover o item dos fios, seja com as próprias mãos ou pedaços de madeira. Acionem a Enel, que os profissionais conseguem saber se aquela rede está ligada ou não”, recomenda. O gerente de operações ainda reforça que o cerol, ou linha chinela, utilizados nas linhas das pipas, além de ser perigosos para quem utiliza, também são capazes de romper cabos mais grossos de energia.

Em caso de acidente envolvendo a rede elétrica, a companhia aconselha a acionar o Corpo de Bombeiros, por meio do número 193, e a Enel, pelo telefone 0800 7272 196 ou pelo aplicativo da companhia.

Brincadeira pode causar outros acidentes

Além do desligamento da rede de distribuição de energia, as pipas também podem ser responsáveis por outros acidentes, ainda mais perigosos, caso não sejam manejadas de maneira correta. Especialistas lembram que soltar pipas perto da rede elétrica está sob o risco de a linha ou do próprio item enroscar nos fios, ocasionando descarga elétrica de quem esteja segurando o artefato.

Exemplo disso aconteceu em dezembro de 2019, quando o adolescente Caio Henry Lopes Veloso, 13 anos, morreu eletrocutado enquanto soltava pipa na laje da casa da avó, no bairro Sacadura Cabral, em Santo André. O acidente aconteceu quando a linha do brinquedo encostou na fiação elétrica. O tio de Caio, Luís Felipe Oliveira da Silva, escutou um grito e, na sequência, um barulho de queda no andar de cima da casa.

Uso de cerol (mistura de vidro moído e cola) ou a chamada linha chilena, feita a partir de quartzo moído e óxido de alumínio, podem cortar a fiação e provocar acidentes a pedestres ou motociclistas. “Apesar de não termos percebido grande aumento de acidentes com pipas durante a quarentena, esta ocorrência é comum. Além das áreas residenciais, onde isso mais acontece, em comunidades também acaba sendo frequente, porque os fios acabam ficando mais baixos e perto das casas”, detalha o subcomandante do 8º Grupamento do Corpo de Bombeiros, responsável pelo Grande ABC, Wilson Nobukazu.

O subcomandante ressalta que o mês de julho é quando a incidência de pipas e também balões é maior. Esse ano, no entanto, a pandemia acabou distribuindo as ocorrências durante todo o primeiro semestre. “Além do problema que já temos com a soltura de pipas que usam linhas cortantes, um risco grave para quem brinca e quem passa por perto, percebemos aumento dos balões, o que, muitas vezes, acaba provocando incêndios”, avalia. “Além das nossas campanhas preventivas a isso, contamos com a conscientização de todos”, finaliza. 




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