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Mexicano Enrique Bátiz volta ao Concertos Grande ABC
João Marcos Coelho
Especial para o Diário
24/08/2002 | 17:25
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O maestro mexicano Enrique Bátiz, que em 2000 fez dois excelentes concertos com a Orquestra Sinfônica de Santo André, está de volta à cidade. Neste domingo, às 20h, ele retoma a condução do grupo em uma apresentação dentro da série Concertos Grande ABC, promovida pela Associação Pró-Música. A entrada é franca, mas os convites devem ser retirados na bilheteria com uma hora de antecedência.

Bátiz foi o fundador da Orquestra Sinfônica Nacional do México, em 1971, e regeu a Filarmônica da Cidade do México de 1982 a 1989. Já tocou com mais de 150 orquestras e gravou cerca de 100 CDs, além de ter sido o primeiro maestro mexicano a ser homenageado em vida, em 1986, com um festival que leva seu nome.

O concerto – Para este domingo, a expectativa é de um concerto empenhado em não cair na mesmice que às vezes assola as mais selecionadas salas de concerto do país. A coragem de Bátiz começa pela escolha das obras. Hoje, as orquestras convencionais sentem-se tão acuadas com o chamado movimento da música historicamente informada – aquela que é executada com instrumentos de época, autênticos, ou réplicas, e que busca reconstituir as sonoridades com as quais compositores como Mozart e Beethoven teriam convivido – que acabam eliminando de suas programações a música do século XVIII.

Nada contra o movimento, que revela sedutoras qualidades. Mas, por outro lado, não deve bloquear as execuções de obras-primas do século XVIII com instrumentos modernos. É por isso que o concerto deste domingo pode trazer revelações interessantes. Para o público em geral, a sensação sempre muito boa de saborear duas autênticas obras-primas da música de todos os tempos. E, para os conhecedores, ajudá-los a repensar os pressupostos da música historicamente informada.

A Sinfonia nº 40, que abre o concerto deste domingo, é uma das integrantes da grande trilogia final de Mozart, ao lado das sinfonias 39 e 41 (esta última conhecida como Júpiter). Escritas em 1788, Mozart jamais as ouviu em público (morreu três anos depois, em 1791). Trágica ironia que ele não tenha podido curti-las e elas se tenham transformado, ao longo do tempo, em três das mais populares e conhecidas de suas 41 sinfonias. Sobretudo a nº 40, que vira e mexe está na TV como trilha de comerciais.

Menos de 20 anos depois, mais precisamente em 1802, Beethoven compôs sua terceira sinfonia, a princípio dedicada a Napoleão Bonaparte, que depois roeu a corda e proclamou-se imperador. Ao saber disso, Beethoven rasgou a dedicatória e a deixou assim: “Sinfonia Heróica, composta para celebrar a lembrança de um grande homem”, sem citar nomes. Além disso, substituiu a marcha triunfal por uma sintomática marcha fúnebre, no segundo movimento.

Colaborou Gislaine Gutierre




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