Em um artigo publicado na edição desta quarta-feira do jornal Granma, o presidente de Cuba, Fidel Castro, criticou duramente a política de biocombustíveis dos Estados Unidos e do Brasil No texto com o título 'A internacionalização do genocídio', Fidel dá seqüência à reflexão publicada em 29 de março sobre a política do presidente norte-americano George W. Bush para produção em larga escala de biocombustíveis a partir de alimentos, o que - segundo ele - foi discutido sábado na residência de Camp David, nos EUA, com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
Aos 80 anos, o líder cubano parece ter superado as sérias complicações da operação no intestino a que foi submetido em 27 de julho do ano passado e que o obrigou, quatro dias mais tarde, a ceder temporariamente o poder ao irmão Raúl, pela primeira vez em 48 anos de revolução.
Em sua prolongada recuperação, Fidel afirma ter meditado sobre os problemas globais como a energia, o meio ambiente e a sobrevivência do homem, o que motivou os dois artigos sobre os biocombustíveis publicados em menos de uma semana. "Bush, ao enfrentar as demandas do visitante brasileiro sobre tarifas alfandegárias e subsídios, que protegem e apóiam a produção americana de etanol, não fez em Camp David a mais mínima concessão", destaca o ditador cubano.
Segundo o artigo, Lula atribuiu a isto o encarecimento do milho, que de acordo com suas palavras se elevou em mais de 85%. Acrescentou que o "jornal The Washington Post já havia publicado um artigo da principal autoridade do Brasil, no qual expôs a idéia de converter alimentos em combustível". "Não é minha intenção lastimar o Brasil, nem interferir em assuntos relacionados com a política interna deste grande país", acrescenta Fidel, que afirma ainda que, apesar disso, há 15 anos denunciou no Rio de Janeiro "os perigos meio ambientais que ameaçavam a existência de nossa espécie".
Para Fidel Castro, com os Estados Unidos à frente, outros países desenvolvidos têm programado usar não apenas milho, mas também trigo, soja, sementes de girassol, de colza e outros alimentos para a produção de combustível, como alternativa ao petróleo. "Este colossal esbanjamento de cereais para produzir combustível, sem incluir as sementes oleaginosas, só serviria para poupar dos países ricos menos de 15% do consumo anual de seus vorazes automóveis", destacou.
"Ninguém em Camp David respondeu à questão fundamental, que é onde e quem vai fornecer as mais de 500 milhões de toneladas de milho e outros cereais que os Estados Unidos, Europa e os países ricos necessitam para produzir todo o etanol que as grandes empresas americanas e de outros países exigem", analisa Fidel.
"De onde os países pobres do Terceiro Mundo vão retirar os recursos mínimos para sobreviver? Não exagero nem uso palavras desmesuradas, me atenho aos fatos", prossegue o artigo do ditador. "O pior pode estar por vir: uma nova guerra para garantir os fornecimentos de gás e petróleo, que coloque a espécie humana à beira do holocausto total".
As atividades crescentes de Fidel Castro aumentam a expectativa de um retorno em breve a suas funções. Apesar de nenhuma fonte do governo cubano ter citado uma data para uma aparição pública, o presidente boliviano Evo Morales mencionou o dia 28 de abril. Desde que foi visto pela última vez em 26 de julho de 2006, Fidel só apareceu em fotos e seis vídeos, o mais recente deles de 30 de janeiro.
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