Vereadores se dividem sobre quem teve razão no entrevero de quarta
A confusão registrada na sessão de quarta-feira entre o líder do governo de Orlando Morando (PSDB) na Câmara de São Bernardo, Pery Cartola (PSDB), e o vereador Julinho Fuzari (DEM), recém-ingresso à base de sustentação do tucano, provocou racha dentro do bloco governista.
Parte dos parlamentares deu razão a Julinho, que não escondeu a irritação ao ver uma de suas bandeiras ser barrada na votação da sessão. O Diário apurou que havia acordo prévio entre Julinho e o governo para que duas denominações fossem aprovadas na quarta.
A primeira era homenagem ao pai de Julinho, Antônio Fuzari Filho, ao denominar uma praça no bairro Demarchi. A segunda dava o nome de José Guilherme de Almeida a uma viela no Jardim Jerusalém.
Parlamentares que testemunharam de perto a discussão contaram que Pery consentiu em votar a proposta do nome do pai de Julinho, mas criou objeção à segunda – Almeida era um morador do Jardim Jerusalém, conhecido por consertar geladeiras e ajudar a comunidade. O democrata se enfureceu. Pediu para adiar os dois projetos e deixou o plenário aos gritos, com direito a palavrões.
Parte da bancada defendeu Julinho ao avaliar que as proposituras não tinham impacto polêmico e que poderiam ser apreciadas pela casa – não é comum vereadores travarem homenagens sugeridas pelos colegas.
Por outro lado, houve quem desse suporte a Pery na discussão. Tanto que circulou pelas redes sociais e celulares dos parlamentares vídeo no qual Julinho, ainda como oposicionista, dispara ataques a Morando – ele lembra da Operação Barbatanas, que atingiu o vereador afastado Mario de Abreu (PDT), então secretário de Meio Ambiente. No vídeo, Julinho faz questão de relacionar Morando a Abreu e lembra que apartamento envolvido no processo é de Carla Morando (PSDB), primeira-dama e deputada estadual. “Eu não faço aliança com bandido”, sentencia Julinho, na gravação feita em 2018.
Abaixo da publicação, aparece escrito: “Esse vagabundo (em referência a Julinho) chegou agora e quer sentar na janelinha”. Os dizeres se referem à recente aproximação de Julinho com Morando – após três anos na oposição, o vereador aderiu ao governo tucano.
O Diário apurou que tem ganhado corpo pedido, por parte da bancada, para que Pery deixe a liderança do governo.
Pery disse que “era preciso ter projetos para a próxima sessão, para que a pauta não ficasse vazia na semana que vem”. “Chamamos os dois projetos do Julinho também. Um do Executivo, outro de outro vereador. Não tem divisão, não tem discórdia. No meu entender está tudo bem.”
Julinho disse não ser da base aliada e que se posiciona “conforme aquilo que acredito ser o melhor à população”. “Quanto ao posicionamento dos demais parlamentares, cada qual enxerga até onde seus olhos enxergam e sendo assim, cada qual tem sua razão para ser contra ou a favor de algo, isso é democracia. Já me posicionei sobre o ocorrido, foi um fato isolado, mesmo porque não seria votado nenhum projeto de minha autoria, todos eram de iniciativa do Executivo.” (Colaborou Daniel Tossato)
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