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Mesmo com queda de casos, morte por Covid cresce nas sete cidades

Região tem média de 25 perdas por dia nesta semana, a maior da pandemia

Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
17/07/2020 | 00:01
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 Mesmo com a redução no número de casos confirmados nas últimas quatro semanas, a quantidade de mortes causadas pelo novo coronavírus no Grande ABC está crescendo. Na 15ª semana epidemiológica (de 21 a 27 de junho), a média diária de novos diagnósticos era de 827 e a de óbitos foi de 17. Na semana passada (de 5 a 11 de julho), os números foram a 480 e 19, respectivamente. Já nesta semana, até ontem, a média de diagnósticos é de 365 confirmações e 25 vítimas fatais por dia, a maior desde o início da pandemia. O Diário considera os números divulgados pelas prefeituras.

Na avaliação de especialistas, não há consenso sobre os motivos pelos quais as curvas estão em sentidos opostos, uma vez que o número de casos depende do volume de testagem. Contudo, Carlos Quadros, infectologista do HMCG (Hospital e Maternidade Christóvão da Gama), assinala que é prematuro considerar que o número de pessoas infectadas está, de fato, caindo. “O ideal é que os casos e as mortes estejam diminuindo, (o que) talvez estivesse acontecendo se (o comércio) tivesse ficado mais tempo fechado”, analisou.

O médico aponta que hipótese para o crescimento no número de óbitos é o início da flexibilização da quarentena, em 15 de junho. Enquanto os efeitos na quantidade de diagnósticos pode ocorrer em até 14 dias, o reflexo no número de óbitos demora mais para aparecer, ou seja, as vítimas fatais registradas nesta semana podem ter sido contaminadas há um mês, por exemplo.

Quadros salienta que a Covid-19 é doença grave e todos os infectados estão suscetíveis ao agravamento do quadro. Porém, os pacientes que manifestam os sintomas menos comuns da doença, como problemas vasculares, não associam o problema ao coronavírus e acabam não buscando atendimento médico justamente por medo da própria Covid. Então, quando a pessoa chega ao médico, o quadro pode estar pior, levando à morte mais facilmente.

Por outro lado, Juvencio Duailibe, infectologista e professor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), afirma que não é possível analisar isoladamente. No entanto, a oscilação da ocorrência de contaminações e mortes, segundo ele, é estável. Comparando a 15ª semana da pandemia no Grande ABC com a última semana, a média diária de casos caiu 41,9% e a de óbitos, cresceu 11,8%. Considerando a última semana de junho com os últimos cinco dias, a média de infectados reduziu 55,9% e a de vítimas fatais aumentou 47%.

Segundo Duailibe, ainda é “muito cedo” para analisar se a flexibilização das atividades está refletindo no cenário. “Temos que esperar ao menos a esta grande onda (de contaminação) passar para avaliar os números. Fato é que quem ficou em isolamento, uma hora vai se expor, só esperamos que isso aconteça quando a circulação do vírus estiver menor ou houver vacina”, explicou.

PREVENÇÃO

Ainda que a retomada das atividades possa ser um dos agravantes, Quadros analisa que é difícil que a quarentena volte a ser endurecida, principalmente porque, na Capital, acredita-se que o platô (estabilização de casos e mortes) está iniciando. O que, aliás, ainda não é visto nas sete cidades. “Não adianta fechar o Grande ABC e manter a Capital ou as outras cidades vizinhas abertas, pois as pessoas circulam entre elas”, observou.

Desta maneira, o infectologista do HMCG destaca que é imprescindível que as pessoas adotem a prevenção. “Falta empenho do governo em fiscalizar porque as pessoas não estão usando a máscara. A maior parte da população está suscetível ao vírus, mas a prevenção eficaz depende da somatória de medidas”, detalhou. Inclusive, conforme o Diário publicou, as prefeituras da região ainda não estão multando munícipes que circulam sem máscara. 

Brasil atinge 2 milhões de infectados

Depois de confirmar mais 45.403 pessoas infectadas pelo novo coronavírus, o Brasil atingiu 2.012.151 casos da doença ontem, 124º dia da pandemia. O País tinha atingido 1 milhão de casos a menos de um mês, em 18 de junho. Segundo o Ministério da Saúde, mais 1.322 óbitos foram confirmados nas últimas 24 horas, totalizando 76.688 mortos pelo vírus. 

Assim, a letalidade (número de mortes dividido pelo total de contaminados) está em 3,8% e a mortalidade (quantidade de óbitos por 100 mil habitantes) é de 36,5. Do total de diagnósticos, 1.296.328 pacientes já se recuperaram e outros 639.135 seguem em tratamento médico. 

Estado com maior ocorrência da doença, São Paulo soma 402.048 casos (8.872 em 24 horas) e 19.028 vítimas fatais, cujas 388 foram confirmadas ontem. Dos pacientes infectados, 252.699 já se curaram e 14.866 seguem internados em tratamento. A Covid está presente em 636 dos 645 municípios paulistas.

O governo do Estado divulgou, ontem, que já realizou 1.158.851 de exames para diagnóstico do novo coronavírus. Até 30 de junho, o volume de testes aumentou 514% desde abril, com crescimento mensal gradativo. A justificativa é a ampliação da testagem na rede pública de saúde e do monitoramento da rede privada, congregando informações.

NA REGIÃO

O Grande ABC contabiliza 31.015 moradores infectados pelo coronavírus desde o início da pandemia, sendo 228 confirmados ontem. Em relação aos óbitos, são 1.467 vítimas, 23 a mais do que na terça-feira. Desta maneira, a letalidade é de 4,7% e a mortalidade, 54,3.

Cidade com mais casos da doença é São Bernardo, que soma 12.784 contaminados. A cidade está em terceiro no ranking estadual em relação ao número de casos, ficando atrás da Capital (162.242) e de Santos (12.973).

Em relação as demais cidades da região, tendo como referência o número de infectados, na sequência estão Santo André (9.303), Diadema (4.437), São Caetano (2.268), Mauá (1.433), Ribeirão Pires (568) e Rio Grande da Serra (222).

O novo coronavírus já deixou 519 vítimas fatais em São Bernardo, 333 em Santo André, 283 em Diadema, 168 em Mauá, 106 em São Caetano, 44 em Ribeirão Pires e 14 em Rio Grande da Serra. Cerca de três quartos das pessoas eram idosas e 80% tinham comorbidades.

Ao todo, o Grande ABC investiga 35.319 casos suspeitos da doença. Dos pacientes que testaram positivo, 17.090 já se recuperaram e tiveram alta hospitalar.




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