Média diária aumentou de 17 para 19 em três semanas, contrariando a tendência do Estado, onde o número de óbitos caiu pela terceira semana
Na contramão do cenário estadual, a região registra aumento das mortes causadas pela Covid-19. Nas sete cidades, a média foi de 17, 18 e 19 vítimas fatais por dia nas últimas três semanas, enquanto em todo Estado foram cerca de 252, 247 e 243 óbitos diários, respectivamente. Inclusive, o resultado da última semana no Grande ABC foi o segundo pior desde o início da pandemia, ficando atrás apenas do período entre 31 de maio e 6 de junho, quando 20 pessoas morreram por dia pela doença (veja arte ao lado).
O desempenho negativo veio em meio à flexibilização da quarentena, que está na Fase 3 (amarela) do Plano São Paulo desde segunda-feira da semana passada. Além de serviços essenciais, shoppings, comércio de rua, salões de beleza, bares e restaurantes também iniciaram reabertura gradativa. Inclusive, no período, o índice de isolamento físico na região caiu de 45,8% para 43,8%. No Estado, a média de isolamento foi de 48% para 46%. Vale lembrar que, em 23 de junho, ainda durante a Fase 2 (laranja), a região atingiu a marca de 1.000 mortes causadas pelo coronavírus.
Conforme especialistas vêm alertando desde o início do plano de retomada econômica, a Capital vem desacelerando o número de casos confirmados e mortes, se aproximando do chamado platô, que é quando os diagnósticos e óbitos ficam estáveis. Contudo, nas sete cidades da região, profissionais da saúde não enxergam a mesma tendência. Aliás, de acordo com projeção deles, as mortes na última semana já podem refletir o início do processo de flexibilização, há quatro semanas.
“Imaginávamos que a abertura seria mais gradual (atualmente, é feita com duas semanas de diferença entre as fases). A maioria dos países só começou a flexibilizar quando a queda no número de casos e mortes estava sustentável por pelo menos quatro semanas”, afirmou Carlos Quadros, infectologista do HMCG (Hospital e Maternidade Christóvão da Gama). “Vemos os casos de algumas cidades brasileiras que abriram (o comércio), os registros aumentaram drasticamente e voltaram a fechar, até com medidas mais duras, mas isso é terrível para o psicológico da população, pois quando autoriza a reabertura, passa a mensagem de que o pior já passou”, completou.
Para Paulo Rezende, infectologista do Hospital Santa Ana, de São Caetano, a falta de um platô no Grande ABC é preocupante e o salto do número de mortes está diretamente ligado à retomada gradual das atividades. “O aumento do número de vítimas com a flexibilização é óbvio porque não tivemos uma estabilização e reabrimos tudo, aumentando o contato entre as pessoas e, consequentemente, a circulação do vírus”, explicou.
Por outro lado, a média diária de casos nas sete cidades reduziu, indo de 827, há três semanas, para 795 na semana retrasada e a 480 na semana encerrada no sábado – o número varia de acordo com a quantidade de exames à disposição da população. Contudo, a proporção de mortes passou de um a cada 50 infectados para um a cada 25 cidadãos diagnosticados com a Covid. Na região, 75% das vítimas fatais eram idosos, sendo que 56% eram homens e 80% tinham comorbidades que agravaram o quadro da doença, conforme o Diário publicou no domingo.
Em relação ao desempenho estadual, o governador João Doria (PSDB) avaliou que as notícias são boas, mas ainda é necessário ter moderação e solidariedade, mantendo o foco no controle da pandemia. “Não é hora de festejar ou sair para comemorar. É hora para estarmos concentrados, seguindo orientação da saúde e orando pela redução, como tem acontecido nas últimas três semanas, do número de óbitos em São Paulo”, assinalou.
Grande ABC totaliza 29.917 pacientes contaminados
O Grande ABC soma 29.917 pessoas que foram diagnosticadas com a Covid-19, segundo boletins epidemiológicos divulgados ontem pelas prefeituras. Do total, 508 casos foram registrados de domingo para segunda, cerca de 21 por hora, juntamente com mais 27 mortes, ou seja, uma a cada 60 minutos, chegando a 1.385 óbitos no total.
São 12.561 casos e 491 mortes confirmadas desde o início da pandemia em São Bernardo, que possui a maior incidência da doença na região. Em seguida, Santo André possui 8.907 cidadãos que foram infectados pelo novo coronavírus, além de 316 óbitos. Diadema registra 4.245 diagnosticados e 269 mortos, São Caetano tem 2.158 contaminados e 99 vítimas fatais, Ribeirão Pires acumula 539 casos e 41 óbitos e, em Rio Grande da Serra, são 216 positivos e 14 perdas.
Ao mesmo tempo, 12.410 moradores da região já se recuperaram da Covid-19 e receberam alta médica. Outros 33.571 pacientes estão com o quadro de saúde sob investigação, ou seja, aguardam resultado do teste para o coronavírus.
No Estado, que segue com o pior quadro epidemiológico do País, são 374.607 casos confirmados espalhados em 633 dos 645 municípios de São Paulo. Do total, 17.907 pacientes morreram em 412 cidades. Desde o início da pandemia, 230.680 foram curados.
As taxas de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) são de 64,7% na Grande São Paulo e 66,1% no Estado. O número de pacientes internados é de 14.059, sendo 8.393 em enfermaria e 5.666 em UTI.
Com 733 novas mortes, o Brasil atingiu 72.833 óbitos causados pelo novo coronavírus, segundo o Ministério da Saúde. O número de casos confirmados desde o início da pandemia chegou a 1.884.967, 20.286 a mais do que no domingo. Na última semana, o número de mortes cresceu 11,2% e o número de casos confirmados, 16,1%.
A taxa de letalidade (número de mortes pelo total de casos) ficou em 3,9%. A mortalidade (quantidade de óbitos por 100 mil habitantes) atingiu 34,7. A incidência dos casos de Covid-19 por 100 mil habitantes é de 897.
A América Latina e o Caribe se tornaram, ontem, a segunda região do mundo com o maior número de mortos na pandemia depois da Europa, enquanto a OMS (Organização Mundial da Saúde) avaliou que a velha normalidade não voltará “em um futuro previsível”.
Diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus advertiu que vários países “estão indo na direção errada” na pandemia. A autoridade disse que as Américas continuam a ser o epicentro global da doença, com transmissão intensa e voltou a pedir que os governos tenham uma comunicação clara com os cidadãos sobre o problema. “Mensagens contraditórias de líderes estão minando o ingrediente mais crítico de qualquer resposta: a confiança”, comentou Tedros.
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