Partido pediu expulsão de Mario e Aécio, mas se silencia sobre denúncia do MPF contra o prefeito
O PSDB de São Bernardo adotou postura contraditória ao avaliar quadros do partido denunciados por corrupção. O diretório municipal encaminhou a expulsão do vereador afastado Mario de Abreu (hoje no PDT) e pediu que o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) fosse ejetado da legenda quando acusações contra ambos foram formalizadas, mas adota postura de silêncio com relação ao prefeito Orlando Morando (PSDB).
No fim de 2017, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e a Polícia Civil deflagraram a Operação Barbatanas, que mirou Mario de Abreu, então secretário de Gestão Ambiental, acusando-o de vender licenças ambientais e cargos públicos. No ano seguinte, denúncia foi oferecida à Justiça paulista.
Em de 2019, Ivar José de Souza (PSDB), subprefeito do Riacho Grande no governo Morando, representou Mario de Abreu junto ao conselho de ética, sob argumento de quebra de decoro partidário. O processo foi concluído em junho.
O vereador licenciado chegou a recorrer à Justiça comum para reverter a expulsão, alegando que sequer condenado em primeira instância foi e que, se absolvido judicialmente, o desligamento sumário da sigla seria injusto. Além disso, salientou que o presidente da comissão de ética era Almir do Gás, suplente de vereador que se beneficiara com seu afastamento do mandato – Almir herdou a cadeira de Mario temporariamente. Também citou que a suplente Lia Duarte, também denunciada pelo Ministério Público (por emprego de funcionário fantasma), não teve postura questionada no tucanato.
Em julho do mesmo ano, a deputada estadual Carla Morando (PSDB), mulher do prefeito, encaminhou discussão para que o diretório do PSDB de São Bernardo referendasse uma carta solicitando a expulsão de Aécio dos quadros do partido. Naquele mês, o tucano havia se tornado réu por corrupção no caso que envolve o empresário Joesley Batista – dono da J&F diz ter pago R$ 2 milhões em propina ao tucano.
O pedido assinado por Carla chamou atenção na época porque seu marido, então deputado estadual, tentou vincular sua imagem à de Aécio em 2014, quando o então senador mineiro foi candidato à Presidência da República. Quando Aécio foi homologado presidenciável, em junho de 2014, Morando declarou: “As pessoas querem mudar. O nosso desafio é mostrar que o Aécio é a mudança com segurança”.
Antes até da expulsão de Mário e do pedido contra Aécio, o PSDB de São Bernardo, já sob influência de Morando, decidiu desligar o ex-prefeito William Dib (sem partido) dos quadros partidários. Representação feita pelos vereadores Juarez Tudo Azul, Pery Cartola e Hiroyuki Minami, em 2016, questionaram a postura partidária de Dib, alegando que o ex-chefe do Executivo estava trabalhando a favor do deputado federal Alex Manente (Cidadania) – à época desafeto, hoje aliado.
No mês passado, o Diário mostrou que o MPF (Ministério Público Federal) denunciou Morando e outras 12 pessoas por corrupção, organização criminosa, fraude a licitações e peculato no âmbito da Operação Prato Feito. Morando é acusado de aceitar propina para facilitar contratos públicos com empresa de Fábio Mathias Favaretto, genro de seu ex-homem forte Carlos Maciel. Ele nega as acusações.
Presidente do PSDB local, Adelmo de Oliveira Meira não retornou aos contatos. Ele é assessor chefe no gabinete da liderança do PSDB na Assembleia. Carla é líder do PSDB na casa.
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