Pivô está no Santo André desde os 17 e possui dupla função na equipe, dentro e fora da quadra
A pivô Simone Lima completa nesta semana 41 anos, sendo 21 deles dedicados ao basquete de Santo André, onde foi bicampeã nacional (temporadas 1999 e 2010/2011). Apesar da idade e do fato de esta temporada ter sido comprometida pela pandemia do novo coronavírus – que suspendeu a edição da Liga Feminina –, a jogadora não pensa em colocar ponto final à carreira. Pelo contrário. Apesar de ter dupla função na equipe – além de jogar, auxilia na preparação das colegas, respaldada por suas formações em educação física e fisioterapia – ela garante: “Ainda tenho gasolina para queimar”.
“Não minto que, pelo contexto geral, está se encaminhando (o fim da carreira). Mas não tenho como parar, porque a vontade no momento não é esta. Com a pandemia também não teve aquele desgaste todo. Mas cada dia as coisas vêm na cabeça de forma diferente. Para o basquete feminino de Santo André ainda tenho coisa para dar. Um dia por vez. O que o basquete de Santo André quiser de mim, estou aí. Acho que ainda tenho gasolina para queimar”, admite a atleta, segunda mais velha nesta edição da Liga, atrás apenas da mauaense Patrícia, do Ituano, que já completou 41. “Minha paixão é o basquete feminino de Santo André. É sabido. Até quando o corpo aguentar vai como atleta, depois a mente vai seguir em benefício do basquete feminino. Não nego. É desejo ficar por muitos e muitos anos ainda.”
A quarentena e suas determinações fizeram com que atletas de todos os esportes se adaptassem para atividades individuais e/ou virtuais. “Toda semana fazemos vários treinos por live. Nosso trabalho está sendo coeso, tanto parte física quanto tática e psicológica, desde quando foi decidido que ia parar. Todo mundo tem opção de fazer seu treino à parte, no horário que quer, e alguns treinos são por live para reunir todo mundo. Ou seja, estão todas trabalhando”, conta.
Simone admite concordar com a decisão pela suspensão da edição deste ano da Liga. “Sou da área da saúde, convivi com algumas coisas, sabemos como é vírus e reação do vírus. Acho que foi muito consciente em proteger atletas, familiares, rede social que está ao lado. Foram sábios. Foi muito pontual. Estudaram muito para tentar seguir o campeonato de várias formas, tipo de torneio, mas foram muito precisos e felizes na decisão.”
Paulistana de nascimento, ribeirão-pirense de infância e andreense de coração. Aos 17 anos, a pivô ingressou na equipe juvenil de Santo André e só saiu por curto período de duas temporadas, quando defendeu São Bernardo e São Caetano. Mas logo voltou. Sua história junto de Laís Elena (que morreu no ano passado) e Arilza Coraça (atual treinadora) não havia acabado. Afinal, exceção feita aos pais, as treinadoras são suas referências de vida. “Não consigo falar da Laís sem falar da Arilza. Vivi muito com elas. Quando vim, Arilza era técnica na base e depois subi com a Laís. Seu legado se perpetua pela Arilza.”
HOSPITAL DE CAMPANHA
De repente, o local de trabalho de Simone Lima se transformou. Saíram atletas, comissões técnicas, barulhos de bola quicando no chão e gritos de instrução e entraram macas, os bipes de aparelhos, pacientes, médicos. O Complexo Esportivo Pedro Dell’Antonia recebe há três meses um dos hospitais de campanha da cidade para o tratamento e recuperação aos infectados pela Covid-19. E aqueles que estão internados no ginásio principal, batizado de Laís Elena, ficam sob olhar da ex-treinadora, representada em grande fotografia em uma das laterais. Problema para a pivô? Absolutamente não.
“O Dell’Antonia é histórico para Santo André. E depois que (o ginásio) virou Laís Elena, a gente fica com sentimento especial. É gratificante saber que vidas estão sendo salvas ali”, exalta a pivô, que minimiza qualquer problema que a estrutura montada traga para o piso. “A quadra tinha acabado de ser reformada, estávamos treinando no G-3, porque estavam reformando o piso. Estava linda. A gente tem um grupo onde conversa e se preocupa com a quadra, com o taco, de a bola subir (em alguma deformidade), mas isso é o de menos. Tenho certeza que se ocorrer algum dano, a gestão não vai ter problema em reformar”, disse Simone, sem poupar agradecimentos ao prefeito Paulo Serra (PSDB) e ao ex-secretário de esporte e prática esportiva Marcelo Chehade (PSDB), atualmente vereador.
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