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Rafinha visa recomeço no Azulão

Aos 31 anos e livre da depressão, atacante, que apareceu no Tigre, perde
12 kg e busca reencontrar futebol que o levou a Cruzeiro e Corinthians

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
07/07/2020 | 23:59
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Banco de Dados


Rafinha, 31 anos, atacante. Artilheiro e destaque da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2007 pelo semifinalista São Bernardo FC; contratado pelo Cruzeiro e apresentado com toda a pompa pelo então presidente Zezé Perrella; vestiu a camisa do Corinthians; rodou por times como Santo André, Caxias-RS, Juventus, América-SP, Guaratinguetá, União Barbarense; chegou aos Estados Unidos, onde defendeu o Boca Ratón; mas, em meio a tudo isso, teve um adversário mais complicado do que qualquer zagueiro rival: a depressão. Hoje, se diz livre da doença e busca recomeçar sua carreira no São Caetano, que o contratou até o fim do ano.

Natural de Três Lagoas-MS, Rafinha viu as portas do Azulão se abrirem por meio dos presidentes Carlos André (do social) e Carlos Silva Oliveira (do futebol), a quem não mede as palavras de agradecimento. Quando chegou, estava pesando 90 kg e havia certa desconfiança se conseguiria voltar ao peso ideal. Um mês depois, emagreceu 12 kg e, desde então, vem mantendo a forma física, mesmo durante a quarentena do novo coronavírus, que o fez contratar um personal na cidade sul-mato-grossense para seguir com os treinos.

“Conversei com doutor André e com o Carlos, disse que estava focado. Eles me deram voto de confiança e não se arrependerão. Fui para São Caetano, em um mês perdi o peso que precisava e estou treinando forte em Mato Grosso do Sul, sei que tudo vai dar certo. Estou muito feliz com a volta”, exaltou o atacante, que teve apresentação adiada em razão da quarentena. “Meu plano é fazer o que mais gosto e que senti falta, que é jogar futebol, jogar em alto nível esses cinco, seis anos que ainda tenho de carreira. Não sei se vou poder jogar o resto da A-2 (do Paulista), mas se Deus quiser fazer grande Brasileiro (da Série D) e buscar os acessos, para mostrar o que sei. Futebol eu tenho, só precisava dessa oportunidade. Quero ser feliz nestes anos que tenho de carreira.”

CICATRIZES
Algumas experiências vividas na infância deixaram marcas em Rafinha. Verdadeiros traumas, como o assassinato do irmão, a fuga do pai de casa após esfaquear a mãe, além de duas tentativas de suicídio. Ainda assim, teve grande atuação pelo Tigre na Copinha de 2007, que lhe abriu portas no Cruzeiro. Pouco aproveitado, porém, seguiu ao Corinthians. “Quase ninguém sabia que eu tinha problema de depressão. Tinha vergonha (de falar), porque na época quem tinha depressão era discriminado. Não é igual hoje, que é a doença que mais mata no mundo. Na época tinha discriminação. Quando fiquei sabendo que ia ser pai, decidi procurar ajuda, fiz tratamento”, contou.

A doença psicológica e algumas lesões fizeram com que Rafinha não tivesse espaço no Timão. De lá, foi emprestado a alguns clubes, mas os problemas persistiam. “Muitas pessoas perguntam se tenho vergonha de ter jogado carreira fora. Digo que não, porque tinha uma doença que não controlava justamente por ter vergonha.”

Segundo o atacante, porém, seu filho, Breno Henrique, foi como “um remédio enviado por Deus”. Desde então, conseguiu controlar a doença, mas teve de lidar com as memórias do passado que o acompanhavam “Tentei retomar carreira, mas por causa do problema (depressão) acabei fechando muitas portas no Brasil. Todos sabiam da minha qualidade, mas sabiam dos problemas pessoais”, disse. “Por causa daquele passado as pessoas não abriram portas para mim. Por isso, fui para fora”, contou. Ele seguiu para Portugal, mas o negócio não deu certo. Depois de mais algumas tentativas, encontrou chance no Boca Ratón, dos Estados Unidos. Agora, busca recomeçar no Azulão. “Com o que sei fazer em campo, as oportunidades virão e tudo vai acontecer de novo.”

Atletas esperam ansiosos por informações sobre novo investidor

Com até três meses de salários atrasados, jogadores do São Caetano buscavam ontem informações sobre o novo mandatário do futebol do clube, o empresário Fernando Rocha Garcia. Assim como funcionários e integrantes da comissão técnica, os atletas veem uma perspectiva de terem suas dívidas sanadas e, quem sabe, a normalização dos problemas financeiros do clube, que se arrastam desde novembro do ano passado.

Porém, informações davam conta de que até ontem nenhum depósito foi realizado nas contas dos jogadores, que seguem aguardando. Mesmo em meio às incertezas, os jogadores permanecem treinando a distância, cada um em sua casa, esperando também as determinações referentes à continuidade do Campeonato Paulista da Série A-2. 




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