Região confirma mais 40 vítimas, ontem, totalizando 1.258 óbitos pela doença desde o início da pandemia, em março
O Grande ABC bateu o recorde de mortes diárias causadas pela Covid-19. Foram 40 registros a mais entre domingo e ontem. Com isso, a região atingiu a marca de 1.258 óbitos desde a primeira baixa, computada dia 25 de março. Antes, o pior resultado diário havia sido em 4 de junho, quando 32 mortes foram confirmadas. Vale lembrar que as sete cidades contabilizaram a milésima perda há apenas 13 dias.
O novo pico ocorre no mesmo dia em que o Grande ABC iniciou a Fase 3 (amarela) do Plano São Paulo, flexibilizando a abertura de bares, restaurantes, salões de beleza, além de ampliar o tempo de funcionamento de outros estabelecimentos, como comércio de rua e shoppings. O governo do Estado justifica que o relaxamento da quarentena considera aspectos técnicos, tais como a curva de contaminados e leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) disponíveis.
Munir Ayub, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) e professor da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), afirma que, na Capital, o número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus está desacelerando, se aproximando do chamado platô. No entanto, ele destaca que o mesmo não está acontecendo na região. “A impressão é que o Grande ABC não está nesta situação (de estabilização dos casos). A flexibilização só se deu porque houve pressão dos prefeitos para que aqui fosse feito como na Capital.”
Inclusive, para o especialista, os primeiros reflexos da Fase 2 (laranja) da flexibilização – liberação que aconteceu dia 15 de junho – já podem ser sentidos no alto número de mortes diárias, ainda que os principais efeitos devam ser sentidos no decorrer desta semana. Ayub explica que não há média de tempo entre o dia que a pessoa apresenta os primeiros sintomas e evolua ao óbito. Porém, normalmente, as complicações costumam aparecer entre o quinto e o oitavo dia após os primeiros sinais da Covid. “Tudo depende das condições de saúde do paciente, de que maneira a equipe médica irá conduzir o tratamento e outros fatores”, assinala.
Carlos Quadros, infectologista do HMCG (Hospital e Maternidade Christóvão da Gama), aponta que a subnotificação de óbitos é menor do que a de casos. Isso porque as administrações alegam que o crescente número de diagnósticos em análise é causado pela testagem em massa. Já as mortes, mesmo as suspeitas, são investigadas, ou seja, as chances de um paciente com sintomas da Covid-19 morrer e não ser testado é bem menor.
Para que as sete cidades conquistassem o direito ao relaxamento da quarentena, as prefeituras aumentaram a quantidade de leitos de UTI, lembra Ayub. Por este motivo, a região ainda está em zona de relativo conforto em relação às vagas nas redes pública e privada – em Santo André, a ocupação é de 64,4% na UTI, 65% em São Bernardo, 38% em São Caetano e 81% em Diadema; as demais cidades não informam em seus boletins epidemiológicos a taxa de ocupação dos leitos de emergência.
A primeira confirmação de morte causada pela Covid nas sete cidades foi em 25 de março. O paciente, morador de Santo André, tinha 68 anos, e havia procurado a UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) Sacadura Cabral no dia 18, morrendo no mesmo dia. Ele tinha hipertensão, uma das comorbidades que podem agravar o quadro da doença.
Sete cidades somam 26,5 mil infectados
Após diagnosticar 430 moradores ontem, o Grande ABC atingiu 26.566 casos do novo coronavírus, equivalente a dez confirmações a cada hora desde os três primeiros registros, em 15 de março. Com 11.116 casos, São Bernardo lidera o número de pessoas contaminadas, seguida por Santo André, com 8.008; Diadema tem 3.840 e São Caetano, 2.024. Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra possuem 900, 488 e 190 infectados, respectivamente.
Em relação às mortes, são 426 apenas em São Bernardo, seguida por Santo André (284), Diadema (259), Mauá (142), São Caetano (94), Ribeirão Pires (39) e Rio Grande da Serra (14). Ao todo, são 1.258 óbitos causados pela Covid-19. As prefeituras aguardam resultado de testes de pelo menos 31.249 residentes, sendo 24 mortes.
Boa notícia é que quatro pessoas se recuperam da doença a cada hora, em média, somando 10.803 curados – 4.230 em Santo André, 3.486 em São Bernardo, 1.742 em São Caetano, 720 em Mauá, 337 em Diadema, 187 em Ribeirão Pires e 101 em Rio Grande da Serra.
NO PAÍS
Segundo o Ministério da Saúde, foram identificados mais 20.229 casos da doença ontem. Com isso, o número total de pessoas infectadas chegou a 1.623.284. Além disso, 620 mortes foram confirmadas, chegando a 65.487 vítimas fatais do vírus. Em todo País, 927.292 já se recuperaram da doença.
Os números diários do balanço do Ministério da Saúde, em geral, são menores aos domingos e as segundas-feiras pelas restrições nas equipes que fazem contagem de dados nas secretarias municipais e estaduais, e maiores às terças-feiras, quando há aumento de registros em razão do acúmulo do que não foi encaminhado no fim de semana. Portanto, é esperada alta significativa hoje.
A região com maior número de mortes é o Sudeste, com 29.900. O Nordeste registra 21.235 óbitos, o Norte, 10.039; o Centro-Oeste, 2.328; e o Sul, 1.985. Os Estados com mais mortes pela pandemia são São Paulo (16.134), Rio de Janeiro (10.698), Ceará (6.481), Pará (5.105) e Pernambuco (5.163). As localidades com menos perdas são Mato Grosso do Sul (122), Tocantins (224), Roraima (371), Acre (394) e Santa Catarina (406).
O Brasil é o segundo país do mundo com maior número de casos e mortes causadas pelo novo coronavírus, atrás apenas dos Estados Unidos, que possuem 2,8 milhões de infecções confirmadas e 129,7 mil óbitos, de acordo com a Universidade Johns Hopkins.
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