Mil comprimidos de ecstasy, droga sintética que provoca alucinações, foram apreendidos na madrugada de quarta-feira pela polícia do Grande ABC no estacionamento do hipermercado Extra do bairro Bela Aliança, perto da rodovia Anhangüera e do bairro da Lapa, na capital. Três jovens foram presos. O flagrante só foi possível graças a um telefonema anônimo ao 1º Distrito Policial de Santo André. O denunciante indicava, além do paradeiro da quadrilha, o destino da droga: as festas raves do Grande ABC. Cada comprimido da droga é vendido em média por R$ 60. A droga retirada de circulação, portanto, vale cerca de R$ 60 mil.
O delegado Adilson de Lima, que chefiou a ação policial, disse que investigará o destino do ecstasy apreendido ontem. “Vamos ver se pegamos essa ramificação que dissemina a droga sintética aqui na região.” A denúncia dava conta de que os comprimidos seriam repassados a microtraficantes que iriam distribuí-los em festa do Grande ABC, em especial raves (festas de longa duração que reúnem jovens sob o som de música eletrônica).
Os comprimidos encontrados ontem são verdes, em tonalidade clara, e exibem desenho de uma pantera. De acordo com policiais especializados do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos), as imagens marcadas na unidade de ecstasy indicam origem e qualidade da droga ao usuário. Às vezes, podem apontar qual o laboratório fabricante.
Com a droga, foram presos o auxiliar de cozinha Osvaldo Luiz da Silva, 22 anos, o vendedor José Carlos Lopes Júnior, 23, e o ajudante Diego Gomes da Cruz, 18. Eles se negaram a dar declarações aos autos do flagrante. À reportagem, Lopes Júnior disse que foram usados como “laranjas”. “A gente não sabia o que havia no pacote (onde estava a droga), apenas nos contrataram para fazer a entrega”, disse o acusado. Acrescentou que não chegou a saber quem iria buscar a encomenda e para onde seria levada.
A denúncia anônima que alertou o 1º DP de Santo André foi feita via ligação telefônica na tarde de anteontem. Informou local exato em que estariam os portadores da droga – o estacionamento do Extra – e que chegariam em uma Parati branca.
Investigadores do DP fizeram campana na garagem do hipermercado a partir das 22h de terça-feira, à espera dos suspeitos. O estabelecimento fica aberto 24 horas por dia. Por volta das 2h, surgiu a Parati branca. Estacionou em uma vaga e permaneceu lá, ninguém desceu do carro. Passaram-se alguns minutos, o comprador não apareceu.
“Nossa intenção era descobrir a pessoa que buscaria a encomenda, para levantar informações sobre destino final e distribuidores. Mas demorou para alguém buscar a droga e, para não perdermos a apreensão, resolvemos abordar os jovens na Parati”, afirmou o delegado assistente Adilson de Lima, do 1º DP.
Os comprimidos de ecstasy estavam divididos em dois sacos plásticos, guardados em envelope amarelo. De acordo com a polícia, foram encontrados embaixo do banco do motorista da Parati. Como o IC (Instituto de Criminalística) de Santo André não tem condições de atestar drogas sintéticas, os comprimidos foram enviados ao IC de São Paulo. Por volta das 18h, foi constatada a autenticidade da droga. O pacote foi lacrado após a análise.
As maiores apreensões de ecstasy feitas pela Polícia Civil do Estado recolheram mais de 6 mil comprimidos da droga. O ecstasy, além de provocar alucinações ao usuário, eleva a temperatura do corpo e deixa o consumidor em estado de euforia. A substância geralmente é produzida na Europa, principalmente na Holanda, e chegou no Brasil por volta de 1996. Já foram catalogados 500 tipos da droga no país. Ainda é produto de importação ilegal. “Nunca foi encontrada produção de ecstasy no Brasil”, diz o delegado operacional do Denarc, Wuppslander Ferreira Neto. (Colaborou Fabiana Chiachiri)
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.