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Tradicional celeiro de craques, vôlei de S.Caetano teme o fim

Equipe feminina é surpreendida com a não renovação de patrocinador principal e corre atrás de outra fonte para projeto não ser interrompido

Dérek Bittencourt
Diário do Grande ABC
06/07/2020 | 07:59
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Campeã da Liga Nacional de Vôlei (atual Superliga) na temporada 1991/1992, duas vezes segunda colocada (1990/1991 e 1996/1997) e duas vezes terceira (2008/2009 e 2006/2010), vencedora do Campeonato Paulista em 1975, além de quatro vices, multicampeã dos Jogos Regionais e Abertos, além de ter servido para revelar centenas de jogadoras e palco para outras tantas, o time feminino do São Caetano teme o fim do projeto. Surpreendido pela não-renovação de contrato com a São Cristóvão Saúde, que patrocinava a equipe desde 2012, o representante do Grande ABC vive um dos piores momentos de sua história, que começou nos anos 1960 e o torna um dos mais tradicionais do País.

“Todo ano a gente esperava quase acabar o contrato para começar a discutir um novo. Mas quando tentamos marcar reunião para saber do interesse, disseram que não tinham mais”, explica o técnico Fernando Gomes, que diz saber da renovação do patrocinador com a equipe de Osasco. Ainda assim, o treinador admite ser agradecido à empresa. “Foi quem nos deu a mão quando a gente estava em momento complicado, sem patrocínio, em 2012, então a gente sempre teve muita consideração pela renovação e pela exclusividade que pediam para a gente. Agradecemos estes oito anos que a gente só conseguiu participar pela colaboração deles.Agora acabou o ciclo. Tudo tem começo e fim. Agora a gente procura outras pessoas. Que não seja o fim do vôlei de São Caetano. Tem muita coisa para ser feita ainda”, projeta.

Na temporada passada, São Caetano terminou a Superliga na última colocação, com a pior campanha – o que causou o rebaixamento à Série B (mas a manutenção na elite ainda é possível). O investimento do São Cristóvão para o ano todo foi de R$ 1,2 milhão. Mas, não necessariamente foi o valor que esteve relacionado ao desempenho. “Tivemos limitação de orçamento. Mesmo assim, não era pouco dinheiro que o São Cristóvão investia. Talvez seja menor em comparação às outras equipes da Superliga. Mas tenho gratidão pelo que fizeram pela gente”, diz Gomes. “Hoje a gente tem ajuda da Prefeitura, que colabora com despesas, Superliga arca com alimentação, transporte e hospedagem. Mas, para contratação, montar time para render, precisa de ajuda, de patrocinadores”, complementa.

Em sua história, São Caetano teve grandes empresas parceiras, como Açúcar União, Colgate/Pão de Açúcar, Mizuno/Uniban, Cepacol, MonBiju e Blausiegel. E em 2012, quando passava por momento crítico, viu a empresa do ramo da saúde apostar no projeto. “Queremos manter por mais muito tempo e, quem sabe, melhorar muito mais coisas para São Caetano”, planeja Fernando, que sonha com a construção de um centro de treinamento exclusivo à modalidade na cidade, com alojamento, refeitório e até mesmo um memorial para as conquistas.

Entre as jogadoras que saíram de São Caetano, a que obteve maior êxito foi Fofão, medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 – além dos bronzes em Atlanta-1996 e Sydney-2000 –, entre inúmeros outros títulos. Além disso, vestiram a camisa são-caetanense atletas do porte de Ana Moser, Mari e Scheilla Castro e muitas mais.

Nos últimos anos, muitos talentos deixaram São Caetano após formação e profissionalização porque a equipe não tinha como arcar com salários e despesas. “A gente formava e não tinha como manter, então seguiram o caminho. A carreira é curta e precisam continuar”, explica Fernando.

Entre as jogadoras que passaram por este processo de formação estão diversas que chegaram inclusive à Seleção Brasileira, como Macris, Claudinha, Letícia, Lara, Carol Gattaz, Dinara e Milka. “É geração que pode ser a próxima (a representar o País) que vai chegar. Muitas vezes o pessoal fala de São Caetano, que fica em oitavo, nono, décimo, mas muitos técnicos agradecem o trabalho de formação que fazemos. Isso para nós é muito válido para esta busca de formar e de melhorar a vida de muita gente”, conclui. 




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