O instável cenário político de Santo André ganha mais um ingrediente para fazer borbulhar o caldeirão de expectativas para disputa pelo Paço em 2012. Antes considerado carta fora do baralho para o pleito, o ex-prefeito João Avamileno (PT) superou a mágoa pela derrota a deputado estadual em outubro e já considera retomar o Paço.

Após o insucesso na eleição para a Assembleia (com 52 mil votos ficou sem cadeira no Parlamento paulista), o petista, sem citar nomes, responsabilizou "algumas pessoas do partido" que não se empenharam o suficiente, pelo fracasso. Chateado e cansado, chegou até a cogitar abandonar a vida público-eletiva.

Agora o quadro mudou. Avamileno aparou as arestas que restaram da campanha passada com o PT. De fôlego renovado, coloca-se na linha de frente para que o partido volte a comandar a cidade "seja com o nome que for", mas deixa claro que tem a intenção de que seja o seu.

"Meu nome está à disposição do partido. Estou pronto para voltar com tudo", alerta, sem temer a concorrência de Miriam Belchior, Carlos Grana, Vanderlei Siraque ou Ivete Garcia. Para Avamileno, faz parte do jogo interno o quarteto ser ventilado. Porém, não vê na sigla nenhum nome à frente do seu com mais condições de derrotar o prefeito, Aidan Ravin (PTB), que tentará a reeleição no ano que vem.

 "A única diferença minha para eles é que já fui prefeito e, portanto, tenho experiência", analisa, destacando seu nome ao dos demais petistas com chances de encabeçar chapa rumo ao Executivo.

Por trás do novo ânimo do ex-prefeito (que governou a cidade de 2002 a 2008), estão conversas apaziguadoras com o presidente municipal do PT, Luiz Turco. Com a derrota a deputado estadual e a mágoa com o partido, Avamileno passou a ser especulado para integrar as fileiras de PSB e PDT, que lhe garantiriam a candidatura a prefeito.

"Não vou sair do PT. Ele está no meu coração, ajudei a construí-lo, foi onde me formei. Faltou valorização no passado, mas foi algo pontual", diz. Além de prefeito por seis anos, Avamileno foi vereador, vice-prefeito e é um dos fundadores da sigla.

"Existiu muita fofoca e por isso sentamos com ele para deixar claro que o PT o tem como um quadro importante no processo de reunificação do partido", destaca Turco, remetendo às prévias de 2008, quando o ex-prefeito apoiou Siraque contra Ivete, então vice-prefeita.

O resultado das eleições internas resultou na debanda em massa do secretariado do governo petista e, mais adiante, com o partido em frangalhos, com a derrota de Siraque para Aidan, encerrando a hegemonia petista de 12 anos no poder.

Turco, contudo, pisa no freio e não dá pistas sobre quem será o candidato petista a prefeito. "O João tem história e raízes no PT, mas o nome é o que menos importa agora", ressalta, afirmando que a prioridade é retomar a unidade interna, e que o anúncio do postulante ao Executivo se dará somente em outubro.