Já se disse que as cidades do Século 20 foram projetadas para o automóvel
Já se disse que as cidades do Século 20 foram projetadas para o automóvel e a grande quantidade desses veículos em circulação mostra que essa é uma realidade que deve permanecer por muitos anos ainda. Por conta disso, na formulação de políticas públicas de mobilidade urbana, é preciso que se tenha em conta formas de tornar o transporte público mais atrativo para a população. As cidades da região metropolitana de São Paulo já estão vivendo a carência de um transporte público adequado.
Um grande problema é a ausência de gestão compartilhada no âmbito metropolitano, onde há dificuldade da agilização de ações e falta qualidade do transporte público nos municípios da Grande São Paulo. O problema se torna mais crônico com a descontinuidade de projetos de ampliação do sistema e dificuldades no fluxo de informações mais transparentes aos usuários.
No atual formato do sistema de transportes, na Região Metropolitana, há o predomínio de cobertura de ônibus municipais (46,5%), ônibus intermunicipais (18,8%). No âmbito do Estado, estão o metrô (18,3%), ônibus (9,7%) e trens (6,7%).
Entre as diferentes formas de locomoção, o transporte coletivo é utilizado por 13,9 milhões de pessoas (36,4%); o individual, por 11,3 milhões de pessoas (29,6%). Já 12,7 milhões de habitantes andam a pé (33,2%) e 0,3 milhão (0,8%) utiliza bicicleta. A rede não cresce por falta de recurso. Outros desafios impostos são a cobrança da comunidade e problemas ambientais, que dificultam o prazo de implementação de projetos.
SISTEMAS DE MÉDIA CAPACIDADE
São os BRT (Bus Rapid Transit), VLT ( Veículo Leve sobre Trilhos) e o monotrilho, com capacidade individual de 15 mil a 25 mil passageiros por hora/sentido. Os de alta capacidade são o metrô e o trem suburbano, que atendem de 20 mil a 78 mil passageiros por hora/sentido. Já os de baixa, são os automóveis e ônibus, com número inferior a 15 mil passageiros em média.
Em São Paulo, atualmente o metrô mantém 69 quilômetros de rede construída na Capital. Se comparado a grandes capitais mundiais, a extensão é bem inferior. Londres tem 408 quilômetros, México (177 quilômetros), Nova York (368 quilômetros) e Paris (214 quilômetros). Já a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), registra 260 quilômetros de linhas, que cobrem 21 cidades.
A meta do metrô é atingir 185 quilômetros, com 7,5 milhões de passageiros/dia a médio prazo, incluindo a proposta de monotrilhos suspensos. Está em estudo a ligação da Estação Tamanduateí com o Grande ABC, especificamente São Bernardo, passando por Santo André e São Caetano. Atualmente a média de atendimento em dias úteis é de 3,5 milhões de passageiros.
Um dos principais gargalos na formação da rede está na ausência de mais conexões e a descontinuidade dos projetos. A discussão deve incluir ainda o uso do solo e envolver as Câmaras municipais e a sociedade civil, no planejamento urbano, com a proposta de cidades compactas. É inconcebível a presença de cerca de 400 mil imóveis vazios na região central de São Paulo versus o adensamento nas periferias.
A tarifa socialmente justa, que integra os princípios da mobilidade, não pode ser esquecida no planejamento feito pelo Estado. A maior parte das tarifas é custeada pelos usuários (44%) e empregadores (46%) e 10% têm isenção de tarifa. São Paulo tem hoje um dos valores de passagens mais caros do Brasil, na faixa de R$ 3, que é objeto de mobilizações da sociedade civil. Com a previsão da elaboração do novo Plano Diretor de São Paulo, no ano que vem, que deverá vigorar até 2022, o tema do transporte metropolitano obrigatoriamente deverá ser contemplado.
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